Educação - Termo que
designa o processo de desenvolvimento e realização do potencial intelectual,
físico, espiritual, estético e afectivo existente em cada criança. Também
designa o processo de transmissão da herança cultural às novas gerações. Na lei
de bases do sistema educativo português, estão previstos vários tipos e vários
níveis de educação: educação pré-escolar (dos 3 aos 6 anos), educação escolar
(dos 6 até ao final do ensino superior) e a educação extra-escolar (o ensino
realizado fora do contexto da educação formal, como por exemplo a educação de
adultos) Na educação escolar, estão previstos vários níveis: educação básica
(correspondente aos primeiros 9 anos de escolaridade), educação secundária
(correspondente aos 10º, 11º e 12º anos de escolaridade) e ensino superior
politécnico ou universitário, conducente aos graus de bacharel e licenciado, no
primeiro caso, e bacharel, licenciado, mestre e doutor, no segundo caso.
Educação
axiológica –
É a intervenção pedagógica que visa a interiorização progressiva dos valores,
pelo educando. A educação axiológica visa não só a tomada de consciência e a
interiorização dos valores morais, mas também de outros tipos de valores
positivos, como os valores estéticos, lógicos, hedonísticos, vitais e
instrumentais.
Ver Virtude e
Axiologia
Educação
compensatória –
Muito popular nos anos 60 e 70, defende a discriminação positiva a favor dos
alunos em desvantagem cultural e social, concedendo-lhes mais tempo e mais
recursos para aprender. O Relatório Plowden, publicado na Grã-Bretanha, em
1967, marcou uma etapa decisiva no conceito de educação compensatória. O
Programa Head-Start, nos EUA, criados na década de 70, visou preparar as
crianças mais pobres para uma escolaridade mais conseguida. Os programas de
educação compensatória baseiam-se na ideia de que as crianças de meios populares
revelam uma situação deficitária em termos linguísticos e culturais, sendo
necessário que a escola
36
ajude
os alunos a superarem essas lacunas, por intermédio de estratégias de
remediação e de enriquecimento. Embora muito criticada, nos anos 80, pela
pedagogia crítica e pelos pedagogos neo-marxistas, a educação compensatória
revelou alguma eficácia na luta pela igualdade de oportunidades. No fundo, os
objectivos da educação compensatória são: definir e compreender os “handicaps”
dos alunos; definir e compreender as potencialidades dos alunos; determinar o
tipo de apoios educativos que o aluno precisa; estabelecer programas educativos
complementares de superação dos “handicaps” e das dificuldades.
Ver Bloom e
Modelo de Ensino para a Mestria
Educação da
vontade –
Segundo Kant, a vontade é pensada como a faculdade de a pessoa se determinar a
si própria e agir de acordo com a representação da lei moral. Para os autores
racionalistas, a vontade é a faculdade de agir perseguindo um fim consciente e reflexivo.
A vontade não é o mesmo que a obstinação, porque aquela persegue apenas fins
racionais, enquanto esta se deixa dominar pela paixão. A vontade inclui quatro
modalidades: o esforço físico; a coragem e a audácia; a energia, a constância e
a atenção e, por fim, a perseverança. Os momentos do acto voluntário incluem a
concepção do acto, a deliberação, a decisão e a execução. Uma vontade bem
cultivada ajuda a pessoa a resistir às pulsões instintivas indesejáveis. A
educação da vontade consiste no processo de formação da vontade, a qual depende
1) do exercício, ou prática continuada capaz de incorporar a vontade num
hábito, 2) dos motivos intelectuais ou boas razões e 3) da afectividade e dos
bons sentimentos. Os factores que podem inibir a vontade são: o desinteresse
pelas coisas e pelas pessoas, o hábito de agir sem reflexão e a falta de
maturidade pessoal.
Ver Kant
Educação de
adultos –
O desenvolvimento da ideia da educação de adultos, como componente da educação
permanente, foi uma iniciativa da UNESCO, ao longo de várias conferências
internacionais: Helsingor, em 1949, Montreal, em 1960 e Tokio, em 1972. Em
1971, o Conselho da Europa, sob proposta de B. Schwartz, passa a considerar a
educação permanente como um instrumento de desenvolvimento estratégico das
sociedades. O aparecimento de Universidades para a Terceira Idade, um pouco por
todos os países, ajudou a desenvolver o conceito de educação de adultos. Em
simultâneo, apareceram metodologias de ensino apropriadas para o público com
mais idade, tais como, as metodologias de animação sócio-cultural e as
metodologias de desenvolvimento comunitário.
Educação do
carácter -
Costuma agrupar-se, neste conceito, um conjunto de modelos curriculares mais
interessados na promoção da conduta moral do que do raciocínio moral. Os
autores identificados com a educação do carácter inspiram-se na teoria da
educação moral de Aristóteles e centram a sua actuação no desenvolvimento de
uma moralidade convencional que seja respeitadora das regras de conduta, normas
sociais e leis. Os modelos curriculares de educação do carácter privilegiam a
identificação dos alunos com modelos moralmente adequados, proporcionam o
contacto com figuras históricas e exemplos morais, recorrem à literatura como
forma de levar os alunos a apreciarem os valores básicos e propõem o
envolvimento dos alunos em actividades de voluntariado social que os ajudem a
incorporar nos seu hábitos valores do tipo respeito, responsabilidade,
honestidade, compaixão, altruísmo e coragem. Os modelos curriculares de
educação do carácter privilegiam o desenvolvimento de hábitos de conduta
conformes aos princípios éticos e aos valores básicos.
37
Ver
Aristóteles.
Educação
estética -
Expressão que designa os processos educativos intencionalmente preocupados com
o desenvolvimento do conhecimento e da sensibilidade artística, através do
contacto com diferentes meios de expressão artística. O contacto com os
diferentes meios de expressão artística e a utilização de diferentes técnicas,
permitem ao aluno desenvolver o apreço pela beleza em diferentes contextos e
situações. Embora o currículo do ensino básico e do ensino secundário disponha
de áreas curriculares específicas para a educação artística, como a Educação
Visual e a Educação Musical, todas as disciplinas devem proporcionar momentos
para o desenvolvimento da sensibilidade das crianças e dos jovens.
Educação
itinerante -
É uma modalidade considerada na Lei Quadro da Educação Pré-escolar que consiste
na prestação de serviços de educação, mediante a deslocação regular de um
educador de infância a zonas com um reduzido número de crianças. A educação
itinerante funciona em espaços comunitários cedidos para o efeito e também pode
funcionar em edifícios escolares.
Educação moral – É a ajuda
prestada ao educando para que atinja a maturidade moral. De uma forma mais
específica, podemos dizer que a educação moral é o processo de intervenção
pedagógica destinado a permitir que o educando conheça os seus deveres morais,
os cumpra livremente e queira ingressar na via do seu aperfeiçoamento moral.
Para os autores cognitivistas, a educação moral é vista como a ajuda ao
desenvolvimento humano, de forma a proporcionar aos indivíduos a experiência da
tomada de decisões que exija o raciocínio moral.
Ver Kohlberg,
Modelo daEeducação Moral em Aristóteles e Modelo da Comunidade Justa.
Educação moral
em Aristóteles -
Para Aristóteles, o ensino da coragem, bem como de outras virtudes morais,
exige a prática continuada de actos de coragem, de tal forma que essa virtude
seja incorporada nos nossos hábitos. Tanto na Ètica a Eudemo como na Ética
a Nicómaco, Aristóteles identifica a busca da felicidade como o fim último
da vida. Ora como o fim de todos os nossos actos deve ser a procura do bem, a
felicidade identifica-se com o próprio bem. A filosofia de Aristóteles é, por
isso, eudemonista. A própria sociedade civil tem como fim viver bem e todas as
suas instituições não são senão meios para isso e a própria Cidade é apenas uma
comunidade de famílias e de aldeias em que a vida encontra todos estes meios de
perfeição e de suficiência. É isto a que podemos chamar uma vida feliz e
honesta. A sociedade civil é, pois, menos uma sociedade de vida comum do que
uma sociedade de honra e virtude. A felicidade surge, assim, como um dever e um
direito e o homem é feliz quando ele realiza aquilo para o qual é feito e
realizar aquilo para o qual é feito é o dever do homem, pois é isso que a razão
lhe prescreve. A felicidade anda, em Aristóteles, tal como em Platão, associada
ao Bem a à Virtude, à Alma portanto e não ao corpo ou aos bens exteriores,
porque todos vemos que não é pelos bens exteriores que se adquirem e conservam
as virtudes, mas não à regionalização! que é pelos talentos e virtudes que se
adquirem e conservam os bens exteriores e que, quer se faça consistir a
felicidade no prazer ou na virtude, ou em ambos, os que têm inteligência e
costumes excelentes a alcançam mais facilmente com uma fortuna medíocre do que
os que têm mais do que o necessário e carecem dos outros bens. Os bens exteriores
não passam de instrumentos úteis que, em excesso, podem ser um estorvo ou, pelo
menos, uma inutilidade a quem os usufrui. Ao invés, os bens da
38
Alma
são sempre úteis e quanto mais excessivos forem maior será a sua utilidade.
Nessa medida, a felicidade de cada um é proporcional à virtude e à prudência
que tiver, e na medida em que age em conformidade com elas. Na Política,
Aristotles dá-nos a seguinte definição de vida feliz: consiste no livre
exercício da virtude, e a virtude na mediania; segue-se necessariamente daí que
a melhor vida deve ser a vida média, encerrada nos limites de uma abastança que
todos possam conseguir. E este princípio é válido tanto para as pessoas como
para o Estado. Um Estado é tanto mais feliz quanto mais justo, prudente e bom for.
Daí que o melhor Governo seja aquele no qual cada um encontra a melhor maneira
de ser feliz. Um governo justo é o que procura o justo meio e o que chama a si
as virtudes da moderação e da prudência, evitando a desigualdade extrema e a
desproporção, que são causas da discórdia e da inveja entre os homens. Um
governo justo é o que se esforça por respeitar o equilíbrio entre as classes e
o que procura o interesse comum. A realeza preocupada apenas consigo própria
conduz à tirania, a aristocracia tende a corromper-se no governo dos ricos e a
república quando não incorpora a regra do justo meio tende a caminhar para a
anarquia. Enfim, um governo justo é um governo equitativo para o qual é sempre
desejável a existência de uma classe média susceptível de encarnar o ideal do
justo meio.
Educação moral
em Platão -
A injusta morte de Sócrates foi um acontecimento determinante no percurso
filosófico de Platão. Daí para a frente, Platão quis construir uma teoria da
ética e da política que tornasse impossível a reedição de episódios como a
condenação à morte do seu Mestre, condenação que simbolizou tudo o que é mais
contrário à virtude, ao bem e à sabedoria. A morte de Sócrates foi a vitória da
mentira sobre a verdade, da injustiça sobre a justiça, das sensações sobre o
inteligível, do verosímil sobre o verdadeiro e da cobardia sobre a coragem.
Sócrates tinha pouco mais de 70 anos quando foi acusado por três cidadãos
influentes de Atenas, Meletos, um poeta trágico, Licon, um orador e Anitos, um
surrador, que lhe fizeram a seguinte acusação pública: “Sócrates é culpado
porque não acredita nos deuses da cidade, porque quer introduzir divindades
novas e porque corrompe a juventude. Castigo: a morte”. A acusação não passou
de uma vingança pelo facto de Sócrates tecer duras críticas aos poetas, que não
sabem o que dizem, aos oradores, que falam de coisas que não conhecem e aos
sofistas que vendem pelo melhor preço a arte de persuadir e de enganar.
Sócrates tinha dado inúmeras provas de coragem e de respeito pelas leis, costumes
e divindades da cidade. Era profundamente religioso e cumpridor das leis e por
várias vezes se distinguira pela bravura em todas as batalhas em que havia
entrado ao lado dos exércitos atenienses. Embora o seu discurso fosse
reconhecidamente corrosivo e soubesse utilizar a ironia como poucos para pôr a
nu a fragilidade do discurso sofista ou a corrupção política reinante nas
Assembleias do Povo e nas restantes magistraturas de Atenas, Sócrates nunca
revelou ambições políticas e jamais correu atrás de honrarias, ou de bens
materiais.
Em quase todas
as obras de Platão, e em especial o Ménon, o Fédon, A
República e As Leis, encontramos uma grande preocupação pela
determinação e caracterização da natureza do Bem, da Justiça e da Virtude. Para
Platão, a virtude é sabedoria e, nessa medida, está longe de ser uma inclinação
natural do indivíduo ou um hábito adquirido por uma repetição destituída de
inteligência ou de reflexão. Ao identificar a virtude com a sabedoria, Platão
mostra-nos que não há várias mas apenas uma virtude, embora esta seja passível
de várias aplicações ou derivados. Platão reconhece quatro derivados da
virtude: a justiça, a coragem, a temperança e a piedade. A justiça era
entendida não só como a conformidade das nossas acções com as leis, mas
sobretudo como a capacidade de tomarmos decisões no respeito pela razão e pelo
39
inteligível.
Ser justo implica sermos capazes de nos afastarmos das aparências, do
verosímil, do sensível, dos instintos e das paixões, porque a justiça é
sabedoria e chega-se a esta através da reflexão. A coragem para os sofistas não
tinha qualquer relação com a ciência, o saber e a verdade. Era entendida mais
como uma qualidade do corpo do que da alma. Para Platão, a coragem é um
derivado da virtude e, se a virtude é sabedoria, então a coragem é uma forma de
reflexão.
Educação para a
cidadania -
Expressão que designa os processos educativos preocupados com o desenvolvimento
do espírito crítico, apreço pelos valores democráticos e desenvolvimento de
competências e atitudes de participação na comunidade. A Lei de Bases do
Sistema Educativo recomenda uma educação para a cidadania através da abordagem
de temas transversais, tais como: educação do consumidor, educação para a
prevenção de acidentes, educação sexual, educação para a saúde e conhecimento
das instituições políticas de Portugal e da Europa.
Ver Virtude
Educação
permanente -
Conceito que designa uma educação ao longo da vida e que pode assumir duas
vertentes: a primeira vertente corresponde à oferta de uma segunda oportunidade
de escolarização para aqueles que a ela não tiveram acesso na infância ou que,
tendo frequentado a escola, a abandonaram muito cedo e uma segunda vertente que
visa dar resposta às necessidades do mundo do trabalho, impostas pela
competição, pelo desenvolvimento tecnológico e pela globalização das economias.
A problemática da educação e da formação ao longo da vida entrou em força no
discurso educativo, na década de 90, a partir dos documentos aprovados pela
UNESCO, pela OCDE e pela Comissão Europeia sobre o assunto. Esta preocupação
foi evidente no facto de a Comunidade Europeia ter escolhido o ano de 1996 como
o Ano Europeu da Educação e da Formação ao Longo da Vida, tendo publicado, a
esse propósito, o Livro Branco sobre a Educação e a Formação. Nos últimos anos,
as recomendações da Comissão Europeia têm acentuado, ainda mais, a vertente da
formação ao longo da vida, com a publicação de relatórios e documentos
centrados nas políticas educativas a tomar em direcção a uma sociedade
cognitiva, assente no valor do conhecimento e da informação. Portugal, apesar
dos esforços das últimas décadas, continua a ter uma taxa de analfabetismo
elevada para os padrões europeus e a percentagem de alunos que terminam o
ensino secundário ainda é baixa em relação à média europeia. Contudo, tem-se
registado, desde meados da década de 80, um aumento significativo na
percentagem de alunos que ingressam no ensino superior, tendo a taxa de
frequência, na faixa etária dos 18 aos 24 anos, triplicado, nos últimos 15 anos,
graças a um grande aumento da oferta de instituições de ensino superior,
públicas e privadas. Por outro lado, tem-se registado, desde o final da década
de 80, um aumento crescente do número de alunos em pós-graduações. Apesar de
Portugal ainda não estar posicionado entre os primeiros da União Europeia, no
que diz respeito à qualificação académica dos recursos humanos, o enorme
esforço de aumento da oferta educacional, registado na última década, irá dar
os seus frutos num futuro breve.
Educação
pluridimensional -
Conceito desenvolvido pela Comissão de Reforma do Sistema Educativo e
amplamente explicitada na obra pedagógica de Manuel Ferreira Patrício que
acentua o carácter abrangente, integrado e personalista da educação. A educação
assume-se na sua pluridimensionalidade quando assegura o equilíbrio entre todos
os domínios do desenvolvimento e da aprendizagem, isto é, os domínios
cognitivo, afectivo, emocional, físico, espiritual e estético. Daqui decorre a
necessidade
40
de
organizar a escola numa perspectiva pluridimensional, onde haja espaço para
todas aquelas dimensões e onde, para além do currículo restrito, haja lugar
para a dimensão do complemento curricular, ocupação dos tempos livres e
dimensão de interacção. Esta perspectiva de educação tem vindo a ser
desenvolvida, em Portugal, pela Associação da Educação Pluridimensional e da
Escola Cultural, através da realização de congressos, colóquios e seminários. A
educação pluridimensional fundamenta o ideário pedagógico do modelo da escola
cultural, fundado, nos anos 80, por Manuel Patrício.
Ver Modelo da
Escola Cultural.
Efeito de
Hawthorne –
A experiência de Hawthorne realizou-se sob os auspícios da Western Electric
Company, entre 1924 e 1927 e visou analisar o factor humano no desenvolvimento
das organizações. Entre os efeitos da experiência, destaque-se: 1) a observação
do factor humano como factor de estimulação, de participação e de satisfação do
trabalho; 2) a interdependência dos subsistemas técnico e humano, como base de
eficiência das organizações; 3) os grupos como factores de socialização e de
cooperação humana essenciais nas organizações; 4) as organizações são
fundamentalmente sistemas sociais. O facto de indivíduos que foram envolvidos
em várias experiências saberem que iam ser alvo dessas experiências estimulou
um conjunto de respostas que se traduziram na sua maior participação e
iniciativa no seio dos grupos e da organização. O efeito de Hawthorne diz-nos,
portanto, que a participação dos sujeitos em processos de inovação, com o conhecimento
destes, pode provocar, neles, respostas positivas. Os membros de uma
organização são mais eficientes e obtêm maior satisfação quando sentem, que se
lhes dá importância e reconhecimento. Quando os membros de uma organização
sabem que estão a participar num processo de inovação e de mudança sentem uma
vontade acrescida de contribuir para o sucesso das inovações.
Egocentrismo - Termo que
designa um conjunto de características específicas do processo cognitivo da
criança no estádio pré-operatório e que evidenciam uma dificuldade de
descentração e de atendimento dos pontos de vista, interesses e perspectivas
das outras pessoas. A criança tende a colocar-se no centro do mundo e a ter
dificuldade em distinguir os seus interesses dos interesses dos outros. Podem
designar-se por egocêntricas manifestações relativas à maneira como a criança
percepciona o espaço, com dificuldade em distinguir a esquerda da direita e à
maneira como a criança percepciona o tempo, com dificuldade em situar o antes e
o depois. Jean Piaget foi um dos primeiros psicólogos a estudar a natureza e a
especificidade do egocentrismo infantil.
Emergência da
escrita -
Expressão que designa o período em que a criança começa a estabelecer os
primeiros contactos com o mundo da escrita e da palavra, através do “ouvir
histórias”, “manipular livros” e garatujar. Hoje em dia, quase todas as
crianças entram para a escolar com alguma familiaridade com a escrita, pelo que
se torna necessário que os professores façam apelo àquilo que a criança já sabe,
permitindo-lhe contactar com as diferentes funções do código escrito.
Emoção - Fenómeno
relativo ao domínio afectivo e que evidencia manifestação de uma perturbação
motivada por um estado de espírito. O aluno emotivo é o que reage com
facilidade sem fazer uso da razão, libertando uma energia contida que dificulta
o entendimento das coisas e causa instabilidade de comportamento. A emoção está
ligada
41
à
afectividade. A educação pode desenvolver a afectividade, incorporando as
emoções no processo de aprendizagem. Essa incorporação é vital no ensino
artístico.
Empatia – Designa um
estado afectivo que resulta da capacidade de reconhecer, compreender e aceitar
os estados emocionais de outrem.
Ver
Rogers; Modelo Não-Directivo
Ensino - Processo pelo
qual o professor transmite ao aluno o legado cultural em qualquer ramo do
saber. O ensino anda associado à transmissão do saber já constituído. As
pedagogias construtivistas consideram que o acto de ensinar deve subordinar-se
à aprendizagem e esta ao desenvolvimento. O professor passa a desempenhar novos
papéis: facilitador da aprendizagem, dinamizador de situações problemáticas e
orientador de projectos.
Ver Planificação
e Currículo.
Ensino colectivo
-
Designa o ensino dirigido a toda a turma. Na escola tradicional, o professor
ensina a todos ao mesmo tempo os mesmos assuntos da mesma forma. Este modo de
ensinar pode ser útil na transmissão de informações e conceitos básicos. Apela
à memorização e exige da parte do aluno uma grande capacidade de atenção. Nas
aulas teóricas do Ensino Superior continua a fazer-se muito uso do ensino
colectivo. Apesar de ser um modo de ensinar que não desenvolve competências de
aprendizagem, continua a ser muito útil quando o professor pretende
proporcionar informação rápida sobre um assunto.
Ver Modelo
Directivo e Modelo Expositivo.
Ensino em grupo - Designa um
ensino adaptado às necessidades e interesses dos grupos criados na turma para a
realização de tarefas determinadas. É muito usado no modelo de ensino para a
mestria e nos modelos construtivistas. O trabalho em grupo visa o
desenvolvimento de atitudes de cooperação e interajuda, mas também desenvolve
nos alunos a capacidade para repartir tarefas, negociar e estabelecer
consensos. Geralmente, cada grupo possui um porta-voz que apresenta as
conclusões à turma.
Ensino
individualizado -
Trata-se de uma metodologia de ensino que se opõe à noção de ensino colectivo.
Ao contrário deste, o ensino individualizado presta atenção a cada criança em
função das suas necessidades, ritmos e aptidões. Há numerosos métodos que
recorrem ao ensino individualizado: dos ficheiros escolares de tipo Freinet às
vulgares fichas formativas, há um conjunto diversificado de materiais de
aprendizagem de uso fácil em contexto escolar. O ensino individualizado está
muito próximo das metodologias activas e da noção de aprendizagem pela
descoberta orientada. Procura-se desenvolver no aluno capacidades
meta-cognitivas e competências de selecção e análise da informação. O trabalho
individualizado supõe que cada aluno avance ao seu ritmo, mas não passe à etapa
seguinte senão depois da verificação das aquisições anteriores.
Ver Modelo de
Ensino para a Mestria.
Ensino
tradicional -
Expressão que designa um ensino centrado no professor e nos programas de ensino,
pouco preocupado com as necessidades individuais da criança e fazendo uso de
lições expositivas e de uma avaliação selectiva. O ensino tradicional surge
associado a um professor que ensina de forma directiva e a alunos que ouvem o
professor em silêncio, tiram apontamentos e esperam que o professor lhes faça
perguntas. O ensino tradicional privilegia a transmissão de conhecimentos e a
42
aprendizagem
por recepção. A memorização, a repetição e a realização de exercícios no lugar
são três características essenciais do ensino tradicional. Por vezes, o ensino
tradicional surge associado a um ensino de má qualidade. Essa associação nem
sempre se pode fazer. Embora o ensino tradicional tenda a desvalorizar o
desenvolvimento emocional da criança e manifeste pouca preocupação pelas
competências de pesquisa e de resolução de problemas, pode ser útil na
transmissão de informações e de conhecimentos básicos.
Ver Modelo
Expositivo.
Ensino tutorial - Termo que
designa um modo de ensinar face a face na base de uma relação individualizada
entre o professor e um aluno ou um pequeno grupo de alunos. O ensino tutorial
tem quase sempre uma finalidade remediativa, pois visa a superação das
dificuldades de aprendizagem. O modelo de ensino par a mestria e o modelo
Paideia de Mortimer Adler recomendam a utilização do ensino tutorial nesses
termos. Serve também para realizar tarefas de treino e prática supervisionada.
Ver Modelo
Paideia.
Envolvimento dos
pais -
Refere-se a todas as formas de relacionamento entre a escola e os pais que não
exigem a participação na tomada de decisões. De acordo com a tipologia de Joyce
Epstein, o envolvimento dos pais inclui a troca de informações e o apoio dos
pais à realização das actividades escolares.
Ver Tipologia
de Joyce Epstein e Don Davies.
Envolvimento dos
pais no jardim de infância e no 1º ciclo - Os estudos efectuados em
Portugal e nos Estados Unidos da América sobre o envolvimento dos pais nos
jardins de infância e nas escolas básicas chegaram aos seguintes resultados: 1)
há obstáculos à colaboração escola-família que ultrapassam as fronteiras e que
estão para além da geografia e das culturas; 2) a escassa preparação dos
professores para lidarem com projectos deste tipo é um padrão comum aos dois
países; 3) a ausência de mecanismos escolares, de carácter informal,
facilitadores da comunicação continuada e a ausência de estratégias escolares
intencionalmente orientadas para o envolvimento das famílias constitui outro
traço comum; 4) a incapacidade dos professores para lidarem com as diferenças
culturais, sociais e étnicas constitui outra semelhança evidente; 5) o uso de
formas de comunicação negativas, que deitam as culpas aos pais pelo fracasso
dos filhos constitui um outro padrão comum.
A segunda
surpresa foi a existência de diferenças marcantes entre o que se passa nos
jardins de infância e o que sucede nas escolas do ensino básico. Com efeito, a
frequência e a diversidade das formas de colaboração escola-pais, num e noutro
nível de ensino, mostraram constituir uma característica comum aos três países,
com destaque particular para Portugal. Nos jardins de infância a colaboração
entre as educadoras e os pais é mais frequente, assume características mais
positivas, mais informais e mais continuadas e percorre os seis tipos de colaboração
identificados na tipologia de Joyce Epstein. Nas escolas do ensino básico, a
colaboração é menos frequente, menos variada e assume, demasiadas vezes, um
carácter negativo e culpabilizante do trabalho desenvolvido pelos pais, havendo
uma tendência maior para desvalorizar as culturas familiares e, em particular,
as culturas das minorias étnicas. Tendo em consideração a tipologia de Joyce
Epstein, as escolas do ensino básico limitam-se, regra geral, ao
desenvolvimento de práticas de tipo 2 (comunicação escola-família), sendo raras
as práticas de tipo 3 (ajuda da família à escola), de tipo 4 (envolvimento da
família no processo educativo em casa) e de tipo 5 (participação da família na
tomada de
43
decisões).
Se isolarmos as práticas de tipo 2 (comunicação escola-família) conseguimos
detectar diferenças marcantes entre os jardins de infância e as escolas do
ensino básico: a) nas primeiras, a comunicação com as mães faz-se quase todos
os dias e assume um carácter informal, atendendo a que é muito frequente a
educadora conversar com o adulto que traz ou vem buscar a criança ao
estabelecimento educativo; b) as educadoras solicitam com muita frequência a
participação das famílias em actividades de apoio ao programa educativo,
nomeadamente na realização de festas, comemorações e visitas; c) as educadoras
utilizam uma linguagem mais directa e menos técnica - e portanto mais
facilmente compreensível pelas famílias de todos os grupos sociais - quando
realizam reuniões com os encarregados de educação; d) o tema das reuniões com
os encarregados de educação centra-se, quase sempre, na concretização de
projectos que visam melhorar o programa educativo e o bem estar das crianças;
e) as educadoras estão mais habituadas a integrar as culturas familiares e
comunitárias no programa educativo do jardim de infância e suscitam, com
frequência, a colaboração das famílias, com essa finalidade.
Se isolarmos as
características notadas nas escolas do ensino básico, é possível concluir o
seguinte: 1) os professores do 1º ciclo sentem um pressão maior em cumprirem os
programas, sendo forçados a sobrevalorizarem a componente lectiva do currículo,
os conteúdos e a área cognitiva, dispensando, por isso mesmo, a colaboração das
famílias no processo de construção do currículo; 2) o peso da avaliação e da
classificação obriga os professores do 1º ciclo a desvalorizarem as actividades
de complemento curricular e a ocupação educativa dos tempos livres, os quais
constituem as componentes do programa educativo escolar onde a participação das
famílias poderia ser mais útil; 3) os professores do 1º ciclo fazem uso de uma
linguagem mais técnica - de difícil entendimento para as famílias
desfavorecidas - quando realizam as reuniões com os encarregados de educação;
4) o tema mais frequente das reuniões com os encarregados de educação é a
procura da melhoria da componente lectiva (isto é marcadamente conteudal e
cognitiva!) e não a participação das famílias na concretização de projectos que
enriqueçam o currículo em sentido amplo; 5) os professores do 1º ciclo caem
mais facilmente na tentação de culpar a vítima, sempre que a criança não tem
aproveitamento na escola; 6) a tentação de culpar a vítima é evidente sobretudo
quando a escola serve crianças oriundas de minorias étnicas ou pertencentes a
famílias culturalmente desfavorecidas; 7) alguns professores do 1º ciclo
receiam que a participação das famílias no processo de tomada de decisões
escolares constitua uma interferência abusiva de não profissionais nos assuntos
pedagógicos e técnicos, os quais no entender de muitos devem estar reservados
aos profissionais.
Ver Tipologia
de Joyce Epstein e Don Davies.
Escalas – Existem vários
tipos de escalas, muito usadas no tratamento estatístico dos dados recolhidos
durante uma investigação. As escalas nominais são meramente classificativas,
permitindo descrever ou designar os sujeitos mas sem recurso à quantificação.
As escalas ordinais distribuem os sujeitos segundo uma certa ordem, que pode
ser crescente ou decrescente e, nesse sentido, permitem fazer diferenciações.
Isto é, a par da classificação dos sujeitos, podemos compará-los tomando a
respectiva ordem. Nas escalas intervalares, a diferenciação dos sujeitos ou das
observações assume um valor quantitativo constante, ou reunindo o mesmo
significado, ao longo de toda a escala. As características das escalas nominais
são a classificação e a contagem, as das escalas ordinais são os valores
ordenados e as diferenças tomando os pontos e as das escalas intervalares são
os intervalos iguais. Os procedimentos estatísticos utilizados com as escalas
nominais são as frequências, as percentagens acumuladas e o qui-
44
quadrado.
Os procedimentos para as escalas ordinais são o rhô de Spearman, o t-Wilcoxon,
etc. Os procedimentos para as escalas intervalares são a média, desvio-padrão,
frequências, análise de variância e r de Pearson.
Escalas de
valores -
Também chamadas tábuas de valores, constituem um referencial ordenado e
hierárquico do posicionamento dos valores. Platão foi um dos primeiros
filósofos a estabelecer uma escala de valores. Em primeiro lugar está o Bem, de
seguida a Beleza, depois a Verdade e a Sabedoria e, por último, os prazeres
sensíveis. A escala estabelecida por Aristóteles é ligeiramente diferente:
primeiro o que é digno de felicidade, depois o que é admirável, de seguida, o
que é digno de amor, imediatamente a seguir, o que é digno de honra e, por
último, o que é belo e o que não é mau. Para Locke, em primeiro lugar, vem a
esperança na vida eterna, depois, o fazer o bem, de seguida, o conhecimento,
ainda depois, a reputação e, por último, a saúde. Max Scheller propõe a
seguinte escala: em primeiro, os valores espirituais, que compreendem os
valores estéticos, morais, lógicos e religiosos. Por último, os valores
sensíveis, que compreendem os valores vitais e os hedonísticos. O filósofo
francês Lavelle propõe a seguinte escala: em primeiro lugar, os valores para
transcender o mundo, que são os valores religiosos e os valores morais. De
seguida, os valores para contemplar o mundo, que são os valores intelectuais e
os estéticos. Por último, os valores que pertencem ao mundo, que são os valores
económicos e os afectivos. O filósofo espanhol Mendez procede à seguinte
hierarquia: em primeiro lugar os valores ascéticos, de seguida, os valores
estéticos, depois, os valores éticos e, por último, os valores económicos.
Mendez considera que há três grandes valores éticos: o autodomínio, a justiça e
o respeito. O autodomínio compreende a sobriedade e a temperança. A justiça
compreende a equidade e a soplidariedade. O respeito compreende a paz e o
respeito à natureza e ao ambiente. Por último, vejamos a hierarquia proposta
pelo filósofo e pedagogo espanhol Quintana Cabanas: primeiro, os valores
espirituais, depois, os valores racionais, de seguida, os valores socio-culturais
e, por último, os valores afectivo-psicológicos e os valores vitais.
Escola aberta - Constituiu um
movimento pedagógico muito popular nos EUA, durante as décadas de 60 e 70 e que
consistia na criação de edifícios escolares sem barreiras arquitectónicas. Uma
característica comum às escolas abertas era a ausência de paredes a separar as
salas de aula. Num espaço amplo, havia lugar para que duas ou três turmas
trabalhassem em simultâneo com a assistência de dois ou três professores. A
área aberta estava dotada de espaços polivalentes: ateliers, oficinas,
bancadas, armários, mesas de trabalho e laboratórios. Os professores, em grupo
de dois ou três, asseguravam em conjunto o ensino de várias turmas, dividindo
entre si as diferentes tarefas.
Ver Modelo
Libertário de Neill e Modelo Libertário Inspirado em Rousseau.
Escola inclusiva
-
Conceito que designa um programa educativo escolar em que o planeamento é
realizado tendo em consideração o sucesso de todas as crianças,
independentemente dos seus estilos cognitivos, dificuldades de aprendizagem,
etnia ou classe social. Numa escola inclusiva, opta-se pela pedagogia
diferenciada e pela discriminação positiva em favor das crianças diferentes. As
crianças diagnosticadas com necessidades educativas especiais são incluídas no
grupo e beneficiam das oportunidades educativas que são proporcionadas a todos.
A escola inclusiva faz uso da metodologia cooperativa, aceita as diferenças e
responde às necessidades individuais. A opção pela escola inclusiva resulta da
Declaração de Salamanca, aprovada durante a Conferência Mundial sobre
Necessidades Educativas Especiais, em 1994.
45
Escola
paralela -
Designa o conjunto dos meios de comunicação e de transmissão do conhecimento
que as novas tecnologias da comunicação e da informação colocam ao dispor das
pessoas. A escola paralela é simultaneamente uma escola de massas e uma escola
personalizada e recorre a uma diversidades de meios e de linguagens. Com a
generalização da “Internet”, do correio electrónico e da “World Wide Web”,
torna-se possível adaptar o fluxo de informação às necessidades de cada
indivíduo e, simultaneamente, levar a informação e o conhecimento a todos os
lares com uma rapidez e uma economia ímpares.
Escolas difíceis
de alcançar -
Expressão concebida por Don Davies, em 1988, após um estudo realizado com
escolas de Boston, Liverpool e Portugal sobre o envolvimento dos pais de baixos
rendimentos. Dizer-se que os pais são difíceis de alcançar é culpar as vítimas.
Em vez disso, Don Davies propõe a expressão “escolas difíceis de alcançar”,
visto que os obstáculos ao relacionamento escola/pais radicam na estrutura,
organização e sistema de funcionamento das escolas, que as tornam lugares de
difícil acesso para muitas famílias. Em Portugal, podemos afirmar que a
expressão se aplica, com acuidade, à maioria das escolas públicas que encaram
os pais com indiferença, receio ou suspeição.
Ver Tipologia
de Joyce Epstein, Don Davies e Envolvimento dos Pais.
Escolas privadas
–
Conceito que designa o conjunto de estabelecimento de ensino que não são
tutelados e dirigidos pelo Estado. As escolas privadas podem ser de natureza
particular ou cooperativa. O que as caracteriza é o facto de terem um ou vários
proprietários, podendo, nuns casos, ter fins lucrativos e, noutros casos, não.
A existência de escolas privadas decorre do facto de a Constituição defender o
princípio da liberdade de ensinar e de aprender. Com a crescente
heterogeneidade cultural e social das sociedades contemporâneas, justifica-se,
cada vez mais, a existência de um forte sector privado na Educação, uma vez que
o facto de serem escolas de livre escolha as torna, por esse facto, mais
respondentes às necessidades, aos valores e às culturas dos públicos que as
procuram. Em todos os países democráticos existe uma rede de escolas privadas,
cuja extensão depende de vários factores: política educacional do Estado,
volume e qualidade das escolas estatais, interesse dos grupos confessionais e
ideológicos pela Educação e bem estar económico das populações. As escolas
privadas foram sempre produto das respostas espontâneas da sociedade civil para
satisfazer as necessidades culturais e sociais das populações. Nesta
perspectiva, seria preferível chamar-lhes “escolas de inciativa social”, por
oposição às escolas públicas, chamadas, por alguns autores, de escolas de
inciativa estatal.
Ver Livre
Escolha das Escolas.
Estádio moral - Conceito
desenvolvido por Kohlberg para designar um certo tipo de raciocínio moral.
Kohlberg defende a existência de seis estádios agrupados em três níveis do
desenvolvimento moral: o nível pré-convencional, o nível convencional e o nível
pós-convencional. No nível pré-convencional, o estádio 1 caracteriza-se por uma
orientação para o castigo e a obediência e o estádio 2 por uma orientação para
a troca de interesses dos indivíduos. No nível convencional, o estádio 3 é
orientado para a aprovação social e o estádio 4 para a manutenção da lei e da
ordem. No nível pós-convencional, o estádio 5 é caracterizado por uma
orientação para o contrato social e para o maior bem para o maior número e o
estádio 6 por uma orientação para a defesa dos princípios éticos.
46
Ver
Kohlberg.
Estádios de
desenvolvimento do professor - Teoria formulada pela psicóloga
norte-americana Francis Fuller que explica como é que os professores evoluem na
profissão. A teoria de Francis Fuller faz passar o professor pelos estádios da
sobrevivência, mestria, desencanto e impacto.
Estímulo - Termo que
designa uma forma de energia emitida pelo meio que o organismo é capaz de captar
e a que responde. Qualquer acontecimento que age sobre o organismo pode
provocar uma resposta. A aprendizagem pelo condicionamento distingue vários
tipos de estímulos: estímulo condicionado, quando é capaz de provocar uma
resposta após associação repetida com um estímulo incondicionado; estímulo
incondicionado, quando o estímulo age sobre o organismo desencadeando uma
resposta natural, que não resulta da aprendizagem.
Estratégias
metacognitivas -
Refere-se a estratégias que favorecem o reconhecimento pelo aluno dos seus
próprios processos cognitivos e formas de pensamento acerca da forma como a
informação é processada.
Estudo de caso - Trata-se de
uma tipologia de investigação especialmente indicada para investigadores
isolados, uma vez que proporciona uma oportunidade para estudar, de uma forma
aprofundada, um determinado problema concreto que afecta uma organização. O
investigador identifica um problema e de seguida procede à recolha de dados
através de questionários, entrevistas e registo de observações. Por fim,
identifica o modo como o problema afecta a organização e propõe estratégias que
possibilitam a superação do problema.
Ethos - Expressão que
designa o clima da escola. Diz-se que uma escola tem um ethos democrático e
participativo quando há oportunidade para que todos os intervenientes no
processo educativo possam participar na tomada de decisões. Diz-se que uma
escola tem um ethos autoritário quando os processos deliberativos estão
concentrados numa pessoa.
Ética da justiça
-
Conceito criado pelo psicólogo norte-americano Lawrence Kohlberg para designar
uma orientação moral caracterizada pela defesa do imperativo categórico e dos
princípios éticos universais. A ética da justiça surge associada a um modelo
curricular de educação moral que faz uso da discussão de dilemas morais, da
participação do sujeito em comunidades justas e do debate de ideias e de
problemas com o recurso à maiêutica socrática. A ética da justiça está mais
preocupada com o desenvolvimento do raciocínio moral do que com a conduta e os
comportamentos do sujeito. É, portanto, uma ética formalista e estruturalista
que acentua o potencial educativo do conflito cognitivo e o poder da reflexão.
Ver Kohlberg.
Ética do cuidar
dos outros -
Conceito criado pela psicóloga norte-americana Carol Gilligan para designar uma
orientação moral, mais presente nas mulheres do que nos homens, que se
caracteriza pela manutenção das relações interpessoais com base no afecto, no
carinho e pela superação dos conflitos. Esta orientação moral realça o valor
47
da
bondade, do carinho, da intimidade, da continuidade das relações interpessoais
e da benevolência.
Etnocentrismo - Atitude
filosófica e política que consiste em colocar uma matriz cultural e um sistema
de valores como centrais no processo de explicação dos problemas. Essa atitude
condiciona e limita a capacidade do indivíduo para compreender e aceitar
propostas culturais diferentes das suas.
Excelência na
educação -
Expressão que designa a procura de qualidade nas aprendizagens tendo em
consideração o alcance de metas e objectivos de ensino de alta complexidade, em
todos os domínios do conhecimento. À semelhança do que acontece com outras
áreas de produção da informação e do conhecimento, a escola começou a ser
pressionada para aumentar o nível dos seus resultados, de forma a preparar
cidadãos e trabalhadores capazes de enfrentarem a economia global e o rápido
desenvolvimento tecnológico. Os autores marxistas criticam o movimento da
excelência na educação, com o pretexto de que esse movimento põe em causa a
igualdade de oportunidades e aumenta o fosso entre os melhores alunos e os
alunos mais fracos. Não há provas nem evidências de que a excelência ponha em
causa a igualdade de oportunidades. A investigação educacional tem mostrado o contrário.
Os alunos mais fracos tendem a melhorar as suas aprendizagens quando são
transferidos para escolas preocupadas com a excelência. Tudo leva a crer que o
movimento pela excelência na educação venha a conhecer um grande impulso na
próxima década. Da qualidade da educação depende o futuro das novas gerações. A
melhoria da qualidade das aprendizagens não pode fazer-se em escolas medíocres.
Só escolas apostadas na qualidade total podem oferecer ambientes de
aprendizagem propícios aos alunos mais fracos. Uma das estratégias mais
importantes para fomentar a excelência na educação e para pressionar as escolas
medíocres a inovarem e a melhorarem os seus programas educativos é a criação de
programas de livre escolha das escolas. Nos países onde os pais podem optar
pela inscrição dos seus filhos em escolas privadas, tendo para o efeito os
apoios financeiros, quer através da dedução total das despesas com a educação
em IRS, quer através do pagamento pelo Estado à escola privada de uma propina
idêntica ao custo médio anual do aluno numa escola pública, o aumento da
qualidade das aprendizagens é uma realidade indesmentível.
Ver Qualidade
na Educação e Indicadores.
Expressão
dramática -
É um meio de descoberta de si e do outro, de afirmação de si próprio na relação
com os outros que corresponde a uma forma de se apropriar de situações e papéis
sociais. Nas interacções sociais, a criança faz uso do jogo simbólico, criando
situações de comunicação verbal e não verbal que são indutoras da descentração
social e que promovem o desenvolvimento da linguagem. A expressão dramática é
cada vez mais usada no ensino das Línguas e no ensino da História. A expressão
e a comunicação através do corpo pode começar, desde logo, no jardim de
infância, através de jogos do “faz de conta”, permitindo à criança a vivência
de experiências quotidianas e de situações imaginárias. Através do corpo e da
voz, é possível exprimir situações e estados de espírito que levam a criança a
controlar melhor as suas emoções. A expressão dramática é, assim, uma excelente
forma de educação estética.
Expressão
plástica -
Através da expressão plástica, a criança aprende a controlar a motricidade
fina, recorrendo a materiais e instrumentos específicos e a códigos próprios
que são mediadores dessa forma de expressão. As actividades de expressão
plástica
48
destinam-se,
também, a desenvolver na criança o apreço pelo belo e a sensibilidade estética.
No jardim de infância, a expressão plástica desenvolve-se através de
actividades livres de desenho, pintura, rasgagem, recorte e colagem. À medida
que a criança avança na escolaridade, essas actividades livres dão lugar a
actividades estruturadas integradas em áreas curriculares específicas, como a
Educação Visual, e o aluno começa a conhecer, com mais rigor, as técnicas
correspondentes.
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