Validade - Designa a
qualidade que um teste deve ter para garantir que mede o que pretende medir.
Validade de
conteúdo -
Quando o investigador pretende saber se as tarefas apresentadas na prova
constituem uma amostragem representativa de situações ou tarefas nas quais pode
manifestar-se o tipo de comportamento considerado, o investigador interessa-se
pela validade de conteúdo. Tem a ver com o grau de adequação dos itens em
relação à dimensão do comportamento avaliada pela prova. Procura-se apreciar em
que medida o conteúdo da prova, isto é, os itens, cobrem os aspectos mais
relevantes do construto.
Validade externa
-
Refere-se ao problema da generalização dos resultados da experiência, em três
aspectos, das populações, das situações e das variáveis às quais pode
estender-se o efeito observado depois de um tratamento experimental.
Validade interna
-
A validade interna de uma experiência caracteriza a sua capacidade para provar
a hipótese em função da qual foi concebida. Permite responder à questão de
saber se os efeitos observados são devidos ao tratamento experimental ou
atribuíveis a outras variáveis parasitas.
Validade
preditiva -
É sinónimo de valor prognóstico da prova e indica em que medida as previsões
formuladas a partir de um teste se confirmam pelos factos verificados
posteriormente.
Valores – São princípios
de orientação da conduta, baseados em ideias que culminam em preferências
motivadoras de uma dada conduta. Há valores absolutos e valores relativos. Os
primeiros são os valores ideais e racionais. O carácter absoluto destes valores
é mero corolário da sua racionalidade. Para esses valores aplica-se a
definição: “valor é o carácter de uma coisa desejável aos olhos da razão”. Os
valores lógicos e éticos são exemplos de valores absolutos. O carácter absoluto
de certos valores traduz-se, na prática, no imperativo categórico de que algo,
para ser valioso, há-de ser um valor para todos. Os valores relativos são os
que variam consoante as circunstâncias e dependem da cultura e da sociedade.
Exemplos de valores relativos: valores económicos, valores hedonistas, valores
comunitários e valores culturais. Os valores absolutos não podem ser
construídos pelo Homem, porque não dependem nem são
132
condicionados
pela esperiência. Esses valores só podem ser captados ou descobertos. O
filósofo M. Vidal considera que se captam os valores de quatro formas: 1) por
connaturalidade, vivendo num ambiente onde esses valores são apreciados; 2) por
contágio, através do exemplo; 3) por recusa, como reacção contra valores
desprezíveis; 4) pela ciência, mediante processos discursivos.
Ver Axiologia.
Valores morais - São categorias
que indicam e prescrevem o dever ser. Dizem respeito a categorias que orientam
as nossas escolhas morais. Há várias taxonomias dos valores. No que diz
respeito aos valores morais, são conhecidas as posições de Platão e
Aristóteles. Para o primeiro, os valores morais podem resumir-se numa única virtude:
a justiça. Para Aristóteles, há uma pluralidade de valores morais. Sem
querermos ser exaustivos, podemos indicar os seguintes: a coragem, a amizade, a
moderação, a prudência e a temperança.
Ver Confúcio,
Lao Tseu, Aristóteles, Kant e Kohlberg.
Variáveis - Termo que
designa os factores ou características que o investigador manipula
deliberadamente (variável independente) para verificar o seu impacto numa outra
variável, a variável dependente. A variável dependente define-se como a
característica que aparece ou muda quando o investigador suprime ou muda a
variável independente. Para além das variáveis independentes e dependentes,
existem também as variáveis moderadoras e parasitas. As variáveis moderadoras
são as variáveis alheias ao estudo e que podem influenciar os seus resultados,
invalidando as conclusões. As variáveis parasitas são as variáveis associadas à
variável independente e que afecta os resultados da variável dependente através
de processos de contaminação.
Ver Hipóteses.
Verney (Luis António)
-
Considerado um dos maiores pedagogos portugueses, Verney nasceu em 1713 e
morreu em 1792. A sua obra-prima O Verdadeiro Método de Estudar é considerado
um clássico da pedagogia e foi objecto de inúmeras edições nos últimos dois
séculos. Para muitos, Luis António Verney é considerado um dos maiores
iluministas portugueses.
Virtude - Conceito que
designa um valor moral geral e fundamental. Também pode referir-se à disposição
permanente e ao hábito para realizar actos morais e para fazer o bem. Embora
este conceito fosse muito usado pelos moralistas clássicos e pelos filósofos
gregos - nomeadamente Platão e Aristóteles - caíu em desuso nos nossos dias,
nomeadamente entre os autores influenciados pelas teorias
cognitivo-desenvolvimentistas. Continua, no entanto, a ser usado pelos autores
mais próximos dos modelos de educação do carácter. Na Grécia Clássica, dizia-se
que a principal finalidade da educação era formar pessoas virtuosas. Para
Aristóteles, a virtude é um meio termo entre dois vívios que pecam, um por
excesso, outro por defeito. Essa tradição foi retomada, na Idade Média, por
Santo Agostinho e pelas escolas episcopais. Os jesuítas, a partir do século
XVII, retomaram a ideia de uma educação para a virtude. Com o Iluminismo e,
sobretudo, com o movimento da escola nova, começa a acentuar-se a ideia de uma
educação para a cidadania, como substituto de uma educação para a virtude.
Actualmente, as noções de bem e do mal e a defesa dos valores tradicionais têm
vindo a ser substituídas, nas escolas, pela necessidade de formar os alunos
para a participação nas instituições, para o desenvolvimento do espírito
crítico e do inconformismo, por oposição à tradição. O abandono da defesa dos
valores tradicionais,
133
do
tipo, honestidade, responsabilidade, respeito pelos mais velhos, obediência às
autoridades, amor à família, lealdade, fidelidade, compaixão, humildade,
modéstia e persistência, tem sido justificado pela recusa do doutrinamento na
educação. No entanto, os autores que associam o ensino dos valores tradicionais
ao doutrinamento não questionam o facto de os “novos valores” que propõem, do
tipo, espírito crítico, inconformismo e individualismo, serem também veiculados
e transmitidos através de processos de doutrinamento. O debate que hoje existe
sobre se a escola deve formar os alunos para apreciarem o bem e levarem uma
vida virtuosa é, em certa medida, determinado pelas posições ideológicas que
cada um perfilha. Para aqueles que prezam a continuidade, os laços familiares,
a segurança e a harmonia social, a educação para o bem e para a virtude,
baseada no ensino dos valores tradicionais, constitui uma das grandes
finalidades da escola. Para aqueles que prezam a descontinuidade, o conflito, a
separação e o individualismo, não faz sentido integrar as noções de bem e mal
no processo educativo, uma vez que a escola deve fomentar o relativismo moral e
a diversidade de pontos de vista sobre o bem e sobre o mal. Sendo certo que as
sociedades modernas são cada vez mais de natureza multicultural, talvez se imponha
uma posição intermédia entre a conservação e a inovação, de forma que os alunos
possam simultaneamente apreciar a diversidade cultural e respeitar um conjunto
de valores básicos alicerçados na noção de bem e nas virtudes que a nossa
civilização ocidental, com a sua matriz judaico-cristã, ajudou a criar ao longo
dos últimos 25 séculos.
Ver Modelo de
Educação de Carácter, Aristóteles e Platão.
Virtudes
cardinais -
Segundo a tradição grega clássica, há quatro virtudes cardinais: prudência,
justiça, temperança e valentia. Esta ideia foi retomada, na Idade Média, pela
ética cristã.
Visita
domiciliária -
As visitas domiciliárias são muito comuns em alguns distritos escolares
norte-americanos e começaram a ser usadas em Portugal, no final da década de
90, integradas num conjunto de estratégias de aproximação das escolas às
famílias em desvantagem social e cultural. Geralmente, são conduzidas por
técnicos de educação ou mediadores contratados pelas escolas As visitas servem
não só para fazer educação de pais, mas também para levar a informação dos
professores para os pais e vice-versa.
Ver Tipologia
de Joyce Epstein
Vives (Juan
Luis) -
Juan Luis Vives nasceu em Valença, em 1492, o ano em que a armada de Cristóvão
Colombo saiu do porto de Palos, na Andaluzia, para a viagem de descoberta da
América. O ano do nascimento do pedagogo valenciano foi também marcado por
outro acontecimento extraordinário: a conquista de Granada pelos Reis
Católicos, Fernando e Isabel, com a consequente unificação de Espanha e o fim da
dominação árabe na Península Ibérica. O século XV marcou o início de grandes
transformações sociais e culturais na Europa: o renascimento faz a sua aparição
nas cidades-estado italianas e os descobrimentos marítimos irão fazer de
Espanha e Portugal centros de afirmação de uma nova civilização mercantil e
cosmopolita. Em simultâneo, assiste-se a um renovado interesse pelos autores
gregos e latinos, cujas obras são lidas e comentadas nas Universidades
europeias. Este renascimento intelectual irá percorrer toda a Europa e
manifestar-se-á não só na criação de mais Universidades para um público
estudantil mais alargado, mas também no incremento do mecenato artístico e
literário.
134
Referindo-se
à educação que recebeu da sua mãe, Juan Luis Vives afirma na sua obra A
Instituição da Mulher Cristã: “Nenhuma mãe amou com maior ternura o seu
filho do que a minha me amou. E nenhum filho se sentiu menos amado pela mãe do
que eu. Quase nunca me sorriu; nunca se mostrou indulgente. E, contudo, durante
uma ausência minha por três ou quatro dias, ignorando o meu paradeiro, teve um
gravíssimo acidente, mas quando regressei a casa não soube que tivesse sentido
saudade de mim. De nenhuma pessoa eu fugia mais e de nada eu sentia mais
aversão do que da minha mãe quando era criança. E agora a sua memória é para
mim sagrada e todas as vezes que sou assaltado pela sua recordação, embora o
não possa fazer fisicamente, abraço-a e beijo-a com a mais doce das gratidões (Institutio
Foeminae Christiana, II, XI). Aos olhos de hoje, a formalidade e reverência
da relação de Juan Luis com a mãe parecer-nos-ia bastante condenável, senão
mesmo conducente a desvios de personalidade. Contudo, essa formalidade e
rigidez era típica de uma época que desconhecia a especificidade da infância e
ignorava o período da adolescência. As crianças eram olhadas como pequenos
adultos em miniatura com que se devia lidar com firmeza e rigidez para fazer
delas, o mais depressa possível, membros produtivos da família.
A mãe de Juan
Luis, D. Blanca March, era uma mulher devota, reverente, inteiramente dedicada
aos cuidados da sua família, a quem dedicou uma vida feita de piedade, amor
conjugal e reserva. A esse propósito, Juan Luis Vives recorda: “Blanca, a minha
mãe, em quinze anos de casamento, nunca a vi zangar-se com o meu pai ou
contrariá-lo no que quer que fosse...A Luis Vives, meu pai, ouvi dizer em
muitas ocasiões...que nunca teve de reconciliar-se com a sua esposa porque
nunca se desentendeu com ela” (Institutio Foeminae Christiana, II, V).
Para além do ambiente
familiar reservado e marcado pela concórdia e reverência, Juan Luis beneficiou
de uma escola de qualidade, da qual recorda momentos e situações agradáveis. A
primeira escola de Juan Luis foi o “studium generale” de Valência, onde
aprendeu latim, aritmética, gramática e retórica e onde teve os primeiros
contactos com os clássicos. Adolescente, ainda estudou na Universidade de
Valência, mas acabaria por dar continuidade aos seus estudos superiores na
Universidade de Paris. De Paris guarda algum azedume face ao conservadorismo
dos métodos pedagógicos, chegando mesmo a escrever um ensaio em forma de
epístola, de crítica ao ensino na Universidade de Paris, a que deu o sugestivo
nome de Contra os Falsos Dialécticos. Foi enquanto estudante da
Universidade de Paris, em 1514, que escreveu a sua primeira obra: Triunfo de
Cristo. Dois anos antes de escrever a sua primeira obra havia de conhecer a
sua futura mulher, Margarita, durante uma visita à cidade de Brujas. Em 1519,
com a idade de 27 anos já era professor na Universidade de Lovaina. Foi em
Lovaina que travou conhecimento com Erasmo de Roterdão, o sábio renascentista
que iria influenciar grandemente o seu pensamento. Em 1523, vai para a
Universidade de Oxford ensinar Humanidades e Direito, onde a sua fama de sábio
e pedagogo chega aos ouvidos da Rainha, uma compatriota sua, de nome Catarina
de Aragão, mulher de Henrique VIII. A Rainha de Inglaterra tornou-se uma grande
admiradora de Juan Luis Vives e fez dele conselheiro em tudo o que dissesse
respeito à educação da sua filha, a futura Rainha Maria Tudor. A pedido da
Rainha, Juan Luis Vives chegou mesmo a escrever uma tratado de pedagogia a que
deu o nome de Pedagogia Infantil, a que acrescentou um opúsculo com o
título O Companheiro da Alma.
Juan Luis Vives
regressa a Espanha, em 1524, com 32 anos de idade, para casar-se com Margarita
de Valldura, que conhecera uns anos antes, aquando de uma visita à cidade de
Brujas. O regresso a Espanha foi de curta duração. Com efeito, no final do
135
ano
de 1524, regressa a Inglaterra para retomar as aulas na Universidade de Oxford.
Nos anos que passou na Inglaterra, Vives trava amizade com Thomas Morus,
conhecido por ter publicado a obra Utopia, em 1517. O contacto e a
amizade com Thomas Morus leva Vives a reflectir sobre as causas da miséria e da
pobreza, dedicando a esse assunto um livro a que deu o nome de Da Ajuda aos
Pobres. A sua permanência na Inglaterra começou a ficar ameaçada a partir
do momento em que Henrique VIII repudiou Catarina de Aragão. Juan Luis Vives colocou-se
ao lado da Rainha e caiu em desgraça na Corte de Henrique VIII. Temendo pela
sua vida, Vives regressa a Espanha, em 1528, passando a viver em Brujas, terra
natal da sua mulher. Em Brujas, irá escrever a maior parte da sua obra: Da
Concórdia e Discórdia na Espécie Humana; Tratado sobre o Ensino; Tratado
da Alma; Exercícios de Língua Latina e; Introdução à Sabedoria.
Ainda novo, Vives começa a queixar-se de uma doença muito comum na época: a
gota. Em 1540, com a idade de 48 anos, Vives não resiste às complicações
associadas com a gota e morre prematuramente. A sua mulher, Margarita de
Valldura, morrerá dois anos depois. Encontram-se ambos sepultados na Igreja de
S. Donaciano, em Brujas.
Juan Luis Vives
deixou-nos quatro grandes obras pedagógicas: Introdução à Sabedoria; Exercícios
de Língua Latina; Tratado da Alma e; Tratado sobre o Ensino.
Vygotsky (Lev) – Lev Vygotsky
nasceu, em 1896, na Rússia, numa família judia da classe média. Aos 18 anos de
idade, falava fluentemente russo, hebreu, francês, inglês e alemão. Formou-se
em Direito na Universidade de Moscovo, em 1917. Em simultâneo, fez estudos
superiores de História e Filosofia. De 1918 a 1924, ensinou literatura e
psicologia no Instituto de Formação de Professores. Em 1924, foi convidado para
ensinar psicologia na Universidade de Moscovo, onde permaneceu até à sua morte,
por tuberculose, em 1934. Os escritos de Vygotsky foram banidos após a sua
morte e só viriam a ser publicados, em 1956, com a abertura política iniciada
por Krutchov. A mais conhecida contribuição de Vygotsky para a psicologia e a
educação foi a sua teoria da zona do desenvolvimento próximo. De acordo com o
psicólogo russo, as crianças possuem duas áreas de desenvolvimento. A área do
desenvolvimento corrente inclui tudo o que a criança é capaz de fazer num dado
período. Esra área prepara a criança para aprendizagens futuras na outra área.
Em redor da área do desenvolvimento corrente está a zona que representa o nível
de desenvolvimento no futuro próximo. Vygotsky chamou a essa zona a “zona do
desenvolvimento próximo”. De acordo com Vygotsky, a aprendizagem ocorre nesta
zona. A zona do desenvolvimento próximo é a distância entre o nível actual de
desenvolvimento e o nível de desenvolvimento potencial da criança. A criança
pode percorrer tanto mais rapidamente essa distância quanto melhor for ajudada
pelo professor, pelos colegas e pelo ambiente. Principal obra: Thought and Language (MIT Press, 1986).