Capacidade
-
Designa a utilização de uma aptidão numa situação concreta. É a possibilidade
de compreender ou de fazer alguma coisa. Por vezes, designa a competência
escolar ou profissional. Há capacidades intelectuais e motoras. A educação visa
o desenvolvimento das capacidades.
Carácter - Termo que se
aplica quer à personalidade de um indivíduo quer ao temperamento. Diz-se que
uma pessoa tem carácter quando procura e faz o bem. Diz-se que uma pessoa tem
bom temperamento quando revela moderação, temperança, serenidade e calma no
relacionamento com os outros. A educação visa o desenvolvimento do carácter.
Embora o carácter de uma pessoa possa ser melhorado com a educação, há traços biológicos
e hereditários que moldam o carácter da pessoa. O temperamento é, em grande
parte, produto da herança genética mas a personalidade forma-se com a educação
e a experiência. Aristóteles, na Ética a Nicómaco, dá-nos a seguinte definição
de carácter: O carácter de uma pessoa é o conjunto dos estados que resultam a)
da habituação precoce para adquirir os desejos, sentimentos, prazeres e dores
correctos; b) do uso correcto da deliberação racional que uma pessoa
inteligente faz habituada a tomar decisões correctas. A formação do carácter
requer a educação das partes não racionais da alma. Mas, uma vez que essas
partes não racionais devem ser treinadas a agir de acordo com a recta razão, o
treino no raciocínio e na deliberação é também necessário.
Ver Modelo de
Educação de Carácter e Virtude
Castigo - Significa pena
infligida pela autoridade em face da violação de uma norma, regra ou dever. Na
escola tradicional, acentuava-se o dever de aprender. Quando os alunos violavam
esse dever, surgia o castigo. Havia vários tipos de castigos: corporais,
coerção através da vigilância apertada e privações. Aplicavam-se os castigos
para redimir a falta e como forma de pressionar à obediência. Hoje em dia, os
castigos corporais são considerados violações da dignidade humana e foram, por
isso, banidos das escolas. Continua, contudo, a usar-se outro tipo de castigos,
como as privações de um bem, as reprimendas e as reparações da falta.
Ver Obediência.
Centração - O conceito
refere-se à incapacidade da pessoa colocar em simultâneo várias perspectivas,
pontos de vista ou dimensões. De acordo com a teoria de Piaget, esta forma de
raciocinar é típica das crianças no estádio das operações concretas, as quais
costumam atender a uma única dimensão ou ponto de vista, quando estão várias
perspectivas em jogo.
Centros de
interesse -
Conceito criado por Décroly que está no centro do seu método e que procura
organizar o ensino em função dos verdadeiros e profundos interesses da criança.
O centro de interesse nasce das necessidades da criança e agrupa à volta das
suas preocupações conjuntos de lições que abordam conteúdos de diversas
disciplinas ou áreas curriculares. O trabalho escolar consiste, antes de tudo,
em conhecer as necessidades da criança. Das necessidades das crianças parte-se
para o estudo do meio. Os assuntos são organizados à volta dos centros de
interesse, tendo como base a observação do meio ambiente e a manipulação dos
materiais recolhidos durante as visitas de estudo. Decroly censurava o carácter
disperso e artificial dos programas de ensino tradicionais, os quais pouco
significado tinham para as crianças. Com os centros de interesse, as
aprendizagens passam a ter um significado profundo para a criança e a sua
motivação para aprender cresce.
17
Ver
Decroly.
Chazan (Barry) - Professor de
Filosofia da Educação na Hebrew University of Jerusalem, onde dirige o Melton
Center for Jewish Education in the Diaspora, Barry Chazan é um autor
prestigiado nas áreas da educação moral e da educação religiosa. Principais obras: Contemporary Approaches to Moral
Education - Analyzing Alternative Theories (Teachers College Press, 1985); Moral
Education (Teachers College Press, 1973); The Language of Jewish
Education (Hartmore House, 1978).
Chomsky (Noam) - Nascido em
1928, em Filadélfia, este professor de linguística no Massachusetts Institute
of Technology, é uma dos mais célebres linguistas contemporâneos. Por oposição
ao estruturalismo, Chomsky propõe uma nova definição da natureza formal da
linguagem e da gramática, sendo justamente considerado um dos autores que mais
se destacou na defesa de uma explicação maturacionsita e inatista para os
fenómenos da linguagem. Para além das suas obras sobre gramática e linguagem,
que muito influenciaram as didácticas das línguas nos anos 60 e 70, Chomsky é
particularmente conhecido pelo seu envolvimento nos movimentos esquerdistas dos
anos 60 contra a guerra do Vietname e pela defesa dos direitos cívicos das
minorias. Mais recentemente, destacou-se na luta pela defesa do direito à
independência de Timor Leste. Assumindo-se como um socialista de esquerda,
Chomsky continua a ser um pensador original e muito influente no panorama
académico norte-americano. Ficaram célebres as suas polémicas com Jean Piaget a
propósito da relação entre pensamento e linguagem. Noam Chomsky é considerado
um expoente da escola generativa, tendo-se destacado na crítica ao empirismo e
ao construtivismo piagetiano. Principais obras: A Linguagem e o Pensamento;
A Linguística Cartesiana; A América e os Novos Mandarins; Reflexões sobre a
Linguagem; Ensaios sobre a Forma e o Sentido.
Civismo - Designa os
processos que visam dar ao aluno o conhecimento dos deveres e direitos de
cidadania. Compreende não só o conhecimento das instituições políticas do país,
mas também o conhecimento das relações de cortesia e bons costumes. Pode ser
entendido, também, como uma forma de proporcionar competências para o exercício
da cidadania, nomeadamente a participação em processos deliberativos e acções
conducentes à transformação da comunidade. Em Portugal, a educação cívica era
realizada nas escolas, antes de 1974, através de uma disciplina intitulada
Organização Política e Administrativa da Nação. Depois de 1974, foi criado um
espaço curricular a que se deu o nome de Educação Cívica e Politécnica e uma
disciplina intitulada Introdução à Política. Com o processo de normalização
democrática concluído, estas disciplinas desapareceram dos curricula. Na década
de 90, foi criada uma disciplina intitulada Desenvolvimento Pessoal e Social,
em alternativa à disciplina de Religião e Moral.
Ver Modelo de
Educação de Carácter.
Claparède
(Edouard) -
Claparède (1872-1940) foi o criador da pedagogia funcional. Nasceu em Genève,
no seio de uma família oriunda de França. Completou os estudos de Medicina em
1897 e tornou-se professor de psicologia na Universidade de Genève em 1904.
Director do Laboratório de Psicologia da Universidade de Genève, desde 1904,
começou cedo a interessar-se pelo estudo da adaptação do organismo
psicofisiológico da criança. Central na sua pedagogia funcional é a ideia de
que toda a adaptação se faz por tentativas e ajustes sucessivos, sendo por isso
que a sua pedagogia também ficou
18
conhecida
por “pedagogia dos ensaios e dos erros”. Principais obras: A Associação das
Ideias (1903); Psicologia da Criança e Pedagogia Experimental (1905);
Um Instituto das Ciências da Educação (1912); Psicologia da
Inteligência (1917); A Educação Funcional (1931); Moral e
Política (1940).
Classificação
referida a um critério - Conceito que designa uma forma de classificar em
que o sucesso é definido a priori e em que todos os alunos têm oportunidade de
ter qualquer nota possível.
Ver Modelo de
Ensino para a Mestria.
Classificação
referida a uma norma -
Conceito que designa uma forma de classificar os alunos tendo em conta a
comparação das classificações entre os alunos de uma turma.
Clientelas
escolares -
Termo que designa os grupos ou entidades sociais, com interesses específicos e
diferentes níveis de influência sobre os que tomam as decisões na escola. As
clientelas são a origem dos inputs e fazem chegar aos decisores os seus
interesses e anseios através de várias formas de pressão.
Ver Participação
dos pais.
Clima da sala de
aula -
Atmosfera ou ethos da sala de aula que resulta de uma interacção entre o
currículo explícito e o currículo implícito. O clima da sala de aula é uma
variável importante no aproveitamento escolar dos alunos. Quando o clima é
participativo, estimulante, ordeiro e responsável há mais oportunidades para
aprender.
Código de
conduta -
Expressão que designa a existência de um regulamento, aprovado pela direcção da
escola e divulgado a todos os intervenientes no processo educativo, onde
constam as regras de conduta, as normas de comportamento e os padrões de
conduta aceitáveis na comunidade escolar. Os modelos curriculares de educação
do carácter consideram o código de conduta um instrumento essencial de promoção
da educação moral na escola. Os modelos curriculares de orientação cognitivista
não se opõem à existência de um código de conduta desde que concebido e
aprovado democraticamente. Consideram, no entanto, que o código de conduta
constitui um instrumento, entre outros, de promoção da educação moral.
Ver Modelo de
Educação de carácter e Código de Conduta nas Escolas.
Códigos de
conduta nas escolas -
Uma política educativa preocupada com a qualidade da escola pressupõe, também,
o desenvolvimento de condições que favoreçam a melhoria do clima moral da
escola e a criação de programas de educação moral e cívica. Ao longo deste
texto, utiliza-se a expressão “educação moral” e a expressão “educação do
carácter” como sinónimos. Num caso e noutro, procura-se acentuar uma educação
preocupada não apenas com o desenvolvimento do raciocínio moral dos alunos (a
cognição moral), mas também com o desenvolvimento da imaginação moral e a
procura de condutas morais respeitadoras dos valores básicos e dos princípios
éticos universais. A procura da correspondência entre pensamento moral,
imaginação moral e conduta moral parte do pressuposto de que os princípios
morais não são meramente subjectivos e arbitrários, nem são apenas uma questão
de preferência pessoal. Agir de acordo com princípios morais envolve tratar os
outros com seriedade, reconhecendo que não temos o direito de os tratar como
objectos ou de os usar em benefício dos nossos fins ou
19
desejos.
Como é que os alunos poderão aprender isto? Para os modelos informados pelos
relativismo ético, não faz qualquer sentido ensinar condutas morais, visto que
cada um possui os seus próprios “standards” morais e nenhum é melhor do que
outro. Para os modelos desenvolvimentistas informados pela teoria de Kohlberg,
uma educação para a conduta moral incorre em inúmeras falácias e, em
particular, na falácia do moralismo. Para os modelos desenvolvimentistas de
tipo kohlbergiano, uma educação que procura ensinar o respeito por bons
comportamentos e pelos bons costumes é uma “educação para a santidade” e
incorre no pecado do doutrinamento. Os autores que defendem a ênfase na conduta
moral respondem a estas críticas, afirmando que uma educação que leve os alunos
a respeitarem os bons costumes, a procurarem uma vida virtuosa e a apreciarem a
honestidade, a temperança, a responsabilidade, a perseverança, a justiça e a
humildade só é doutrinante aos olhos dos que procuram evitar que a escola faça
aquilo que sempre fez: educar o carácter das novas gerações, colocando-as em
contacto com exemplos de moralidade nas grandes narrativas literárias e
filosóficas, criando oportunidades para debates sobre a honestidade, a
temperança, a coragem, a responsabilidade, a perseverança, a justiça e a
humildade, proporcionando ambientes escolares moralmente estimulantes, onde
haja respeito mútuo, amizade, humildade intelectual, rigor e integridade e
criando situações que permitam experiências moralmente enriquecedoras. Um dos
autores que mais tem escrito sobre educação do carácter é Kevin Ryan, um
professor da Universidade de Boston que dirige desde 1989, o Center for the
Advancement of Ethics and Character. Kevin Ryan insere-se numa tradição
Aristotélica e defende um conjunto de procedimentos para o ensino de uma
conjunto de valores básicos, que são comuns à matriz civilizacional do
Ocidente, pelos menos desde a Grécia Clássica: honestidade, coragem,
temperança, humildade, integridade, justiça, compaixão, responsabilidade,
perseverança e respeito pelos outros. Os procedimentos são: ensinar através do
exemplo; ensinar através do envolvimento dos alunos em conversas e debates
sobre os valores básicos; ensinar através do envolvimento dos alunos em
actividades práticas que exijam a aplicação dos valores básicos; ensinar
através da fixação de padrões e expectativas elevadas e; ensinar recorrendo ao
clima moral da escola. A crítica mais comum que se pode fazer a esta abordagem reside
no facto de os sujeitos persistirem numa moralidade heterónoma e respeitarem as
condutas pelo receio que a autoridade lhes provoca. A abordagem educação do
carácter tende, portanto, a formar cidadãos conformistas, incapazes de reagirem
às injustiças provocadas por uma ordem social que mantém os privilégios dos
mais fortes.
Ver Modelo de
Educação de Carácter.
Código elaborado
–
Conceito desenvolvido por Basil Bernstein para caracterizar a linguagem usada
pelos alunos oriundos da classe média ilustrada. O código elaborado permite uma
linguagem mais abstracta, o uso de formas verbais correctas, orações
subordinadas e riqueza conceptual. Os alunos que usam o código elaborado
encontram-se mais perto da cultura da escola e revelam mais facilidade no acesso
à cultura erudita.
Código restrito – Conceito
desenvolvido pelo sociólogo Basil Bernstein para caracterizar a linguagem usada
pelos alunos oriundos da classe operária. O código restrito consiste no emprego
de frases curtas, com um vocabulário pobre, poucos adjectivos e utilização
repetitiva de conjunções. Escasseiam as noções abstractas e as palavras usadas
estão muito dependentes do contexto. As expressões verbais são pouco correctas
e escasseiam as orações subordinadas.
20
Coeducação
-
Acção educativa que se dirige a indivíduos dos dois sexos que a recebem em
comum na mesma sala de aula.
Coelho (Adolfo) - Nasceu em
Coimbra em 1847 e faleceu em 1919. Adolfo Coelho foi um importante filólogo e
pedagogo. Principais obras: A Questão do Ensino (1872); A Reforma do
Curso Superior de Letras (1880); O Trabalho Manual na Escola Primária (1882);
Os Elementos Tradicionais da Educação (1883); Cultura e Analfabetismo
(1916). Rogério Fernandes dedicou-lhe um livro com o título As Ideias
Pedagógicas de Adolfo Coelho (1973).
Coelho (José
Augusto) -
Pedagogo português, nascido em Sendim, em 1861 e falecido, no Porto, em 1927,
deixou-nos uma obra importante com o título de Princípios de Pedagogia (1892).
Ficou conhecido como um divulgador dos métodos de ensino da leitura,
nomeadamente o método de Castilho e o método João de Deus. Dedicou alguns
estudos à reforma do ensino primário.
Cognitivo - Designa o
processo relativo ao acto de conhecer, fazendo uso da razão. Benjamin Bloom
desenvolveu, nos anos 50, uma taxonomia dos objectivos educacionais do domínio
cognitivo. Essa taxonomia considera a existência de 6 tipos de operações
intelectuais: conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e
avaliação. Jean Piaget desenvolveu, na primeira metade do século XX, uma teoria
do desenvolvimento cognitivo que considera a existência dos seguintes estádios:
estádio sensório-motor, estádio pré-operatório, estádio das operações concretas
e estádio das operações formais. Lawrence Kohlberg desenvolveu, nos anos 60,
uma teoria do desenvolvimento moral com pressupostos psicológicos e filosóficos
semelhantes à teoria de Jean Piaget. A teoria do desenvolvimento moral de
Kohlberg compreende três níveis (nível pré-convencional, nível convencional e
nível pós-convencional) e seis estádios (estádio orientação pela obediência e
punição, estádio da individualidade instrumental e orientação egoísta, estádio
da orientação bom rapaz e linda menina, estádio da orientação para a manutenção
da ordem e da autoridade, estádio da orientação contratual legalista e estádio
da orientação pelos princípios éticos.
Ver Piaget e
Teoria Cognitivo-desenvolvimentista da Aprendizagem.
Coimbra
(Leonardo) -
Leonardo Coimbra foi filósofo, pedagogo e ministro da instrução pública. Nasceu
em 1883 e faleceu em 1936. Depois de uma curta passagem pelo Ministério da
Instrução Pública, Leonardo Coimbra pediu a demissão pelo facto de não ter
conseguido aprovar a autorização para o ensino religioso nos colégios
particulares. Crítico do jacobinismo, Leonardo Coimbra foi um pedagogo
personalista, defensor de uma educação respeitadora da individualidade da
pessoa e aberta à tolerância e à cultura. A sua obra pedagógica mais conhecida
é O Problema da Educação Nacional, tese apresentada ao Congresso da
Esquerda Democrática, em 1926. As Obras Completas de Leonardo Coimbra estão
editadas, na Lello Editores. A tese de doutoramento de Manuel Ferreira
Patrício, intitulada A Pedagogia de Leonardo Coimbra constitui o mais
importante estudo sobre Leonardo Coimbra.
Coménio (Juan Amos) - Juan Amós
Coménio nasceu, em 1592, em Niewniz, na Morávia, de uma família protestante
pertencente à União dos Irmãos Morávios, uma comunidade com raízes na seita
fundada por Juan Hus. Deve a sua educação esmerada à influência dos Irmãos
Morávios, cuja escola frequentou, desde criança. Os Irmãos
21
Morávios
ou Boémios eram uma congregação de influência luterana, embora afastada das
soluções políticas dos luteranos, já que aceitavam o predomínio político da
católica Casa de Áustria. Aos dozes anos de idade, fica órfão de pai e mãe.
Graças à sua enorme inteligência, entra no liceu de Prerov, com quinze anos de
idade e aos dezanove é admitido na Academia de Herborn, em Nassau. Aos vinte
anos, apresenta a tese de doutoramento. Em 1618, com 26 anos de idade, é
nomeado pastor de Fulnek e torna-se reitor da escola da União dos Irmãos
Morávios. Com a invasão da Morávia e da Boémia pelas tropas do Imperador
Fernando e a destruição da cidade de Fulnek, Coménio é proscrito, sendo
obrigado a fugir para o estrangeiro para escapar à morte. Durante trinta anos,
o período que ficou conhecido pela Guerra dos Trinta Anos, percorre a Europa
Central e do Norte, viajando pela Polónia, Inglaterra, Holanda, Suécia, Hungria
e Alemanha. A formação teológica e filosófica de Coménio deve muito às
principais figuras do luteranismo do século XVI: Juan Fisher e Juan Henrique
Alsted, de quem foi aluno e Juan Valentin Andrea, de quem foi admirador e
amigo. A influência do pensamento pedagógico do espanhol Juan Luis Vives e do
pensamento filosófico do inglês Francis Bacon é, também de destacar. Coménio
terminará os seus dias em Amesterdão, onde encontra refúgio após três décadas
de uma vida errante. Ao longo da vida aventurosa, ter-se-ão perdido alguns
importantes manuscritos, mas terá ensejo de publicar várias obras. O seu nome
tornar-se-á conhecido de todos com a obra Didáctica Magna. Apesar da
destruição de alguns manuscritos, Coménio deixou uma obra imensa, constituída
por cerca de 200 textos. Por ocasião da sua morte, Leibniz, então com 24 anos
de idade, fez-lhe um elogio fúnebre que inclui os seguintes versos: “tempo virá
em que aquele que quiser fazer parte dos bons, honrar-te-á, Coménio, as
esperanças e os sonhos”. Entre as suas obras, é justo realçar as que escreveu
sobre o ensino das línguas. A sua obra-prima, Didáctica Magna,
encontra-se publicada em português, numa edição da Fundação Calouste
Gulbenkian, com tradução de Joaquim Ferreira Gomes. A sua segunda grande obra, A
Pampaedeia, também está publicada em português, em edição da Universidade
de Coimbra, numa excelente tradução de Joaquim Ferreira Gomes, o investigador
português mais conhecedor da obra de Coménio. Nos dois casos, são de realçar as
excelentes introduções e notas explicativas de Joaquim Ferreira Gomes.
Embora tenha
escrito vários opúsculos sobre pedagogia, filosofia e teologia, Coménio entrou
na galeria dos clássicos graças à sua obra Didáctica Magna, publicada
pela primeira vez em 1657. Coménio apresenta-a como um “Tratado da Arte
Universal de Ensinar Tudo a Todos”.
Competência - Designa um
conjunto de capacidades interdependentes relacionadas com um determinado
domínio. Em pedagogia, a competência surge associada ao saber-fazer e constitui
uma componente essencial do processo de aprender a aprender.
Componente de
apoio à família -
Os estabelecimentos de educação pré-escolar oferecem, regra geral, uma
componente de apoio à família, constituída pelos momentos que estão para além
da componente educativa e que se destinam a servir as necessidades da família.
A componente educativa e a componente de apoio à família devem ser pensadas de
forma articulada, de modo que não haja repetições e sobreposições cansativas.
22
Comportamento
-
Termo que designa a resposta ou conjunto de respostas do sujeito a uma dada
situação e a um conjunto de estímulos. Para a psicologia comportamentalista
clássica, o comportamento é explicado pela relação causal entre estímulo e
resposta.
Comportamentos
cognitivos de entrada - Aptidões pessoais que permitem a compreensão da
matéria ou, dito de outra forma, pré-requisitos necessários para realizar novas
tarefas de aprendizagem.
Comunicação
ideal –
Conceito desenvolvido pelo filósofo alemão J. Habermas e que significa uma
relação comunicacional entre pessoas regulada dialogicamente, na qual todos têm
direito a tomar a palavra, em pé de igualdade, e se procura o estabelecimento
de consensos.
Comunicação não
verbal -
Constitui um suporte da comunicação oral, mas pode ser desenvolvida
separadamente, através da comunicação pelos gestos e pela mímica. A
interpretação
destas formas de comunicação produzidas pelas próprias crianças constitui um
importante meio de aprofundar a linguagem.
Comunidade
educativa -
Expressão que designa o conjunto dos actores e intervenientes no processo
educativo escolar. Nesse sentido, inclui não só os professores, alunos e
funcionários não docentes, mas também os pais dos alunos e representantes de
instituições da comunidade vocacionadas para trabalhar com a escola.
Ver Autonomia
da Escola, Participação dos Pais e Tipologia de Joyce Epstein.
Comunidade
escolar -
Expressão que designa o conjunto das clientelas directamente envolvidas no
processo de ensino e aprendizagem: professores, técnicos de educação,
auxiliares de acção educativa e alunos.
Comunidade justa
-
Conceito criado por Lawrence Kohlberg para designar uma colectividade
democrática, onde todos participem na tomada de decisões e os processos de
deliberação sejam informados pelos princípios éticos e pela procura de justiça,
isto é, do maior bem para o maior número. Kohlberg e colaboradores criaram, nos
anos 70, um modelo curricular de educação moral, a que chamaram de “comunidade
justa”, o qual visa a promoção do desenvolvimento moral dos alunos através da
discussão de dilemas morais reais e da participação de todos na vida da
comunidade.
Ver Kohlberg.
Conceito - Designa a
representação abstracta de um objecto ou de uma ideia. A compreensão dos
conceitos exige do aluno a capacidade para estabelecer relações entre
fenómenos, ideias e situações. A conceptualização implica a capacidade de
observar, comparar, distinguir e reflectir. A inteligência conceptual
relaciona-se com a capacidade para inferir, relacionar e explicar conceitos.
Condicionamento - Processo
desenvolvido pelo professor para provocar no aluno uma determinada resposta,
conduta ou atitude. A teoria do condicionamento operante foi desenvolvida por
Skinner e constitui uma característica essencial dos modelos de ensino
programados e directivos. A aprendizagem ocorre segundo a seguinte sequência:
estímulo - resposta - reforço.
Ver Pavlov e
Skinner.
23
Conduta
-
Designa o comportamento tanto na sua dimensão exterior e observável quanto nas
suas dimensões internas e puramente mentais.
Conflito
cognitivo -
Conceito que se refere ao confronto de pontos de vista sobre uma questão moral.
Kohlberg defendia que o conflito cognitivo era um poderoso instrumento de
desenvolvimento do raciocínio moral.
Ver Piaget e
Kohlberg.
Confúcio - Pouco se sabe
acerca de Confúcio (Kung-fu-tzu). Terá nascido em 551 a.C. e terá morrido em
479 a.C. Viveu, portanto, 72 anos. Sabe-se que era de origem nobre, mas por
circunstâncias desconhecidas a sua família era bastante humilde. Nasceu no
estado de Lu, na moderna Xantum, na época em que o regime imperial entrava em
decadência, sacudido por lutas senhoriais e corrupção generalizada. A China
Imperial passava com grandes e profundas mudanças, na economia e na sociedade.
A criminalidade, a miséria e o fosso entre os muito ricos e os muito pobres
cresciam. Na sua juventude, Confúcio arranjara uma reputação de amante do
conhecimento e respeitador das tradições antigas. Era conhecido como um jovem
educado, cortês e justo. Viajou muito e estudou durante vários anos na capital
imperial de Zhou, onde teve oportunidade de conhecer Lao Zi, o fundador do
Daoismo. Com o regresso a Lu, Confúcio tornou-se famoso como professor. Com a
idade de 35 anos, viu a sua carreira de professor interrompida por uma
prolongada e sangrenta guerra, conduzida pelo Duque Chao do estado de Lu. Terá
sido durante esse período que Confúcio foi chamado a exercer funções políticas,
por um breve período, como conselheiro político do Duque Chao. Cansado das
intrigas da Corte, Confúcio troca a vida política pelo ensino. Aos 50 anos de
idade, volta a exercer funções políticas, como Ministro da Justiça do estado de
Lu e aos 56 anos alcança o lugar de Primeiro Ministro. Por volta dos 60 anos de
idade, Confúcio abandona definitivamente a vida política e viaja durante anos
pela China acompanhado dos seus discípulos. Durante as suas viagens é preso e
vê-se envolvido em lutas de senhores da guerra rivais. Aos 67 anos de idade
regressa a Lu, passando o resto dos seus dias a ensinar e a escrever. Morreu
com 72 anos. Confúcio considerava-se mais como um transmissor das crenças
antigas do que como um criador de teorias. Em jovem, passou algum tempo como
ministro do estado, mas a maior parte da sua vida foi passada a ensinar. Viajou
mais de dez anos por vários estados da China Imperial, servindo como
conselheiro político. Desiludido com a corrupção reinante nas cortes dos
senhores feudais, Confúcio regressou a Lu onde passou o resto da sua vida
rodeado de um conjunto de discípulos devotados a quem lhe chamavam o Mestre.
Terão sido os seus discípulos que escreveram Os Analectos, a única obra
que é considerada um registo fidedigno do pensamento de Confúcio. Escrito há
perto de 2500 anos, Os Analectos conheceram uma grande divulgação na
China e foram objecto de traduções nas principais línguas do Mundo. O objectivo
de Confúcio foi apresentar uma versão pura das antigas doutrinas, passadas de
geração em geração na cultura Chou, de forma a dar corpo ao governo justo e
benevolente. Confúcio acreditava que, algures no passado, teria havido uma
idade mítica, na qual cada um conhecia o seu lugar e cumpria o seu dever. A
finalidade de Confúcio era dar a conhecer os fundamentos éticos que permitissem
um regresso a esse passado mítico, tão distante dos tempos conturbados que eram
os seus. A expressão prática desse desejo era a forte predisposição de Confúcio
para apoiar as instituições que assegurassem a harmonia, a justiça e a ordem: a
família, a hierarquia, os anciãos e o Estado justo. O respeito pelo dever, pela
hierarquia e pelos rituais seria capaz de produzir homens respeitadores da
24
cultura
tradicional, amantes do Bem e da Justiça, cumpridores dos deveres e das
obrigações e reverentes para com as autoridades legítimas e os mais velhos.
Confúcio é,
ainda hoje, o mais influente filósofo chinês. Os adeptos de Confúcio estão
espalhados por Taiwan, Japão, Singapura, Coreia do Sul, Malásia e República
Popular da China. Estima-se em mais de 400 milhões o número dos seus
seguidores. Mencius (390 a.C.-305 a.C.) alarga e sistematiza a filosofia de
Confúcio, tornando-se o seu discípulo mais destacado. Com a adopção da doutrina
de Confúcio como a filosofia oficial do Estado, durante a Dinastia de Han, a
influência de Confúcio, na China, tornou-se tão grande que o seu nome tornou-se
sinónimo de intelectual e erudito. Durante a Dinastia Han, a doutrina de
Confúcio e o pensamento dos seus seguidores tornaram-se as obras de referência
para a realização dos exames públicos de acesso às magistraturas, ao
funcionalismo público e à burocracia governamental.
A maior parte
dos trabalhos atribuídos a Confúcio, e em particular Os Analectos, foram
escritos pelos seus discípulos após a sua morte. Há imensas traduções de Os
Analectos, mas poucas credíveis, porque é extremamente difícil o respeito
pelo original, já que a língua em que foram escritos sofreu muitas
transformações. Para além de Os Analectos, são atribuídos a Confúcio ou aos
seus discípulos A Grande Aprendizagem e A Doutrina do Meio.
Conselho de
docentes –
Estrutura de orientação educativa responsável pela articulação curricular na
educação pré-escolar e no 1º ciclo do ensino básico e que integra os educadores
de infância e os professores do 1º ciclo.
Conselho de
Turma -
Designa o órgão de gestão pedagógica intermédia que agrupa todos os professores
de uma turma. Diz-se que há um conselho de turma quando todos os professores da
turma se reúnem para trocar informações sobre os alunos, para avaliar os alunos
ou para tratar de assuntos disciplinares. Em Portugal, o conselho de turma é
dirigido pelo director de turma. O conselho de turma é um órgão que se destina
a promover a interdisciplinaridade, a orientação dos alunos e a avaliação dos
alunos.
Conselho local
de educação –
Designa uma estrutura de participação dos diversos agentes e parceiros de
âmbito concelhio, com vista à articulação da política educativa local com
outras políticas sociais, em particular em matérias de apoios socioeducativos,
transportes escolares, horários escolares e actividades de complemento
curricular.
Conselho
pedagógico –
Órgão de coordenação e orientação educativa da escola ou agrupamento de
escolas, nos domínios pedagógico-didáctico, acompanhamento dos alunos e
formação do pessoal docente e não docente.
Construtivismo - Designa uma
teoria desenvolvida por Jean Piaget que explica o desenvolvimento e a
aprendizagem a partir da interacção entre o sujeito e o ambiente. Esta teoria
considera que as fontes do conhecimento são, simultaneamente, de origem interna
e externa.
Conteúdo - Termo que se
refere ao conjunto das matérias ou tópicos constantes dos programas das disciplinas
ou áreas curriculares. A escola tradicional acentuava o rigoroso cumprimento
dos programas, no respeito pela sequência dos conteúdos apresentados.
Actualmente, considera-se que os conteúdos devem surgir a par das
25
competências
e a sequência dos conteúdos pode ser alterada em função das necessidades dos
alunos e dos contextos locais.
Contingências de
reforço –
Conceito desenvolvido pelo psicólogo norte-americano B. S. Skinner que designa
as consequências que se seguem à emissão de determinada resposta por um
organismo, e que influenciam a probabilidade de ocorrência de respostas desse
tipo.
Ver Skinner;
Teoria Comportamentalista; Modelo Directivo.
Contrato de
autonomia –
Designa um acordo estabelecido entre o Ministério da Educação e uma escola ou
agrupamento de escolas, a Câmara Municipal e outros parceiros interessados,
através do qual se definem os objectivos e se fixam as condições que viabilizam
o desenvolvimento do projecto educativo da escola ou agrupamento de escolas.
Convenções sociais
–
Normas que regulam o exercício das relações interpessoais e que visam o bem
estar de todos e de cada um. O psicólogo norte-americano E. Turiel desenvolveu
uma teoria das convenções sociais como um domínio distinto das normas morais.
Cooperativa escolar
-
Designa uma comunidade escolar constituída por professores e alunos de uma
escola e gerida democraticamente por órgãos eleitos. Este termo é muito usado
pelo modelo da escola moderna e pelas pedagogias institucionais e tem sido
associado à defesa da autogestão escolar. Para aquelas correntes pedagógicas, a
cooperativa escolar constitui um importante instrumento de educação para a
cidadania, levando os alunos a desenvolverem competências parlamentares e
capacidades de tomada de decisão.
Ver Modelo da
Escola Moderna.
Coordenador de
estabelecimento –
Docente responsável pela coordenação da actividade educativa de uma escola
integrada num agrupamento, sob a orientação do respectivo director executivo ou
comissão executiva. Ver Autonomia da escola.
Cultura colegial
-
Refere-se à cultura organizacional preponderante nas escolas públicas, marcada
pela autogestão e pelo poder deliberativo entregue a órgãos colegiais,
constituídos por grupos de professores eleitos pelos professores, com o
objectivo de defenderem os interesses dos seus constituintes. Os defensores da
cultural colegial afirmam que ela reduz o isolamento dos professores, reforça a
coordenação e a colaboração entre professores, fortalece o sentido da
auto-eficácia e as práticas de auto-avaliação e desenvolve a capacidade de
reflexão sobre a acção. Os críticos da cultural colegial afirmam que ela conduz
à perda de tempo em intermináveis reuniões de coordenação, negociação e
partilha do poder entre os grupos, amplia a natureza dos conflitos na escola,
leva a um grande dispêndio de energias dos professores em actividades que não
estão directamente relacionadas com as aprendizagens dos alunos, retiram tempo
aos professores para a preparação das aulas, favorecem a dependência dos
indivíduos aos grupos com poder na escola, aumentam as lutas políticas nas
escolas e conduzem à submissão da pessoa aos grupos com mais poder na
organização.
Cultura
organizacional -
Termo que designa um padrão de pressupostos básicos o qual funcionou
suficientemente bem para ser considerado válido, e consequentemente para
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ser
ensinado a novos membros, como a forma correcta de observar, pensar e sentir
relativamente a esses problemas. A cultura organizacional das escolas públicas
portugueses é fortemente marcada pelo igualitarismo e colegialismo. O mérito e
a distinção pela competência são conceitos pouco aceites pela cultura
organizacional das escolas públicas. A cultura organizacional igualitarista e
colegialista é típica das organizações monopolistas e estatizantes. As escolas
públicas portuguesas são consideradas, por alguns autores, como o último dos
monopólios, já que o Estado controla directamente a quase totalidades das
escolas básicas e secundárias do País, não deixando espaço para a criação de um
mercado de educação. A ausência de mercado livre e a consequente predominância
de um monopólio, constitui um enorme obstáculo à inovação, à modernização e à
qualidade.
Cunha (Pedro
D`Orey da) -
Licenciado em Filosofia e em Teologia, com o grau de Mestre em Psicologia e o
grau de Doutor em Ciências da Educação, Pedro da Cunha viveu uma grande parte
da sua vida nos EUA, onde exerceu o cargo de Psicólogo Conselheiro de
Orientação Escolar na Escola Secundária de Cambridge (Massachussetts). Em
Boston, foi responsável pela organização de programas de educação
intercultural, leccionou e proferiu conferências em várias Universidades da
área de Boston e serviu de mediador cultural entre os portugueses residentes e
as autoridades educativas norte-americanas. Em 1987, regressado a Portugal, foi
Chefe de Gabinete do Ministro da Educação, entre 1987 e 1989 e foi Secretário
de Estado da Reforma Educativa, entre 1989 e 1991. Os últimos anos da sua vida
foram dedicados ao ensino, na Universidade Católica, onde dirigiu o
Departamento de Ciências Psicopedagógicas e foi responsável pelos mestrados em
Educação. Faleceu em 1995, tendo deixado uma importante obra sobre deontologia
docente, educação ética, educação religiosa e relações escola-família. Em 11 de
Fevereiro de 1997, foi atribuído o nome de Pedro d`Orey da Cunha à Escola
Preparatória da Damaia. Principais obras: Entre Dois Mundos (Ministério
da educação, 1997); Nossos Filhos, Nossos Cadilhos (Peregrinação, 1986);
Ética e Educação (Universidade Católica, 1995).
Currículo - Termo que pode
ter vários significados. Pode ser considerado um plano de estudos de um Curso.
Pode, também, designar um conjunto de programas de ensino. Contudo, mais
recentemente, a noção de currículo passou a designar o conjunto das
aprendizagens propostas e realizadas, tendo em vista alcançar as finalidades de
um Curso ou de um plano de formação.
Ver Currículo
multicultural, Currículo Inter-cultural, Currículo Centrado nos
Padrões Culturais, Currículo Explícito e Currículo Nacional.
Currículo
centrado nos padrões culturais - A educação formal nasce quando as
sociedades começam a sentir a necessidade de transmitir heranças culturais,
precisando, para isso, de criar elites capazes de conservar o que de mais
sublime as gerações foram construindo. A não ser assim, não poderia haver
progresso na História e a vida dos homens e mulheres de cada geração não seria
mais do que um eterno retorno. A criação humana nasce do desejo de ir além do
que os outros foram e é desafiada pela necessidade de ultrapassar os limites fixados
por aqueles que nos precederam. Resulta daí a necessidade de a educação escolar
se centrar na transmissão do cânone. Todas as grandes civilizações têm o seu
cânone. O cânone ocidental foi criado graças a mais de 5000 anos de grandes
criações artísticas, filosóficas, científicas, literárias, técnicas e
políticas. O cânone ocidental tem conhecido vários epicentros. Primeiro a
Grécia Antiga, a Ásia Menor e a Bacia do Mediterrâneo Oriental. Depois as
cidades-estado da
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Grécia
Clássica. De seguida, Roma e o seu Império estendem a civilização helénica e
romana a toda a Europa, África do Norte e uma parte da Ásia. Séculos depois, o
epicentro muda para a Europa da Cristandade, com as primeiras Universidades.
Com os Descobrimentos e o Renascimento, os epicentros passam para as cidades
italianas, Países Baixos, Inglaterra, Espanha e Portugal. Com o Iluminismo, a
Alemanha, a França e a Inglaterra tornam-se os centros da civilização
ocidental. A Revolução Industrial e a Revolução Americana estendem os epicentros
ao Novo Continente.
Cada civilização
possui a sua matriz cultural específica. A nossa matriz é o cânone da Cultura
Ocidental, a qual deve a sua construção a mais de 5.000 anos de criações
científicas, filosóficas, literárias, espirituais, técnicas e artísticas que
conheceram vários epicentros: a Grécia Clássica com os mitos, as epopeias, a
filosofia e as artes; a Civilização Romana com o Direito, a Filosofia e o
Urbanismo; as Civilizações Cristãs da Idade Média com a Religião, as Artes, a
Filosofia Escolástica e as Universidades; as cidades-estado italianas do
Renascimento, os Países-Baixos, Espanha e Portugal com os Descobrimentos, as
Artes, as Ciências e as Técnicas; a Inglaterra, a Alemanha e a França com o
Iluminismo e as Revoluções Oitocentistas, o nascimento de novos Estados, o
liberalismo, a teoria do Estado liberal, o mercado livre, a divisão dos poderes
e o nascimento das democracias; os Estados Unidos da América, a Inglaterra e a
Alemanha com os progressos técnicos e científicos do século XIX; os grandes
blocos do século XX com a luta entre o eixo nazi-fascista e a aliança das
democracias, a tensão entre os totalitarismos e as democracias, as
descolonizações, os avanços técnicos e científicos e os novos caminhos das
Artes, das Ciências e da Literatura. O Mundo está atravessado por várias
matrizes civilizacionais. E é essa pluralidade de matrizes que constitui a
maior riqueza dos humanos. Embora essas matrizes possam e devam dialogar entre
si, cada uma delas procura conservar a sua identidade. A escola e o currículo
expressam a matriz civilizacional a que pertencem.
Ver Currículo.
Currículo
explícito -
Conceito que designa o programa educativo formal, constituído pelas
finalidades, objectivos, conteúdos e sugestões metodológicas, tal como vêm
expressas nos programas de ensino.
Currículo
hegemónico -
Expressão que designa um programa educativo que não proporciona espaço para a
expressão das culturas minoritárias. Há autores que preferem a designação de
currículo mono cultural.
Currículo
implícito -
Conceito que designa o conjunto de ideias, valores e práticas não explícitas
que dão forma ao programa educativo escolar. Alguns autores têm chamado a
atenção para o papel desempenhado pelo currículo implícito na inculcação de
valores. Ainda que os valores não sejam explicitados no currículo, a verdade é
que eles nunca deixam de estar presentes através do currículo implícito. Há
autores que preferem a designação de currículo oculto.
Currículo
inter-cultural -
Expressão que designa um programa educativo que dá espaço e voz para a
integração no currículo das culturas minoritárias.
Currículo
multicultural -
Expressão que designa um programa educativo centrado na defesa da diversidade
cultural e que tem como finalidade o desenvolvimento de uma literacia multicultural.
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