Habermas
(Jurgen) -
Nascido em 1929, em Dusseldorf, fez um doutoramento em Filosofia, com uma tese
sobre Schelling e tornou-se assistente de T. Adorno, entre 1956 e 1959. A sua
associação com T. Adorno justifica que se diga que Habermas pertence à segunda
geração da chamada Escola de Francoforte. A sua influência na educação deve-se
sobretudo à teoria do agir comunicacional, a qual considera que existe uma
razão comunicacional que é garante do bom funcionamento da prática
comunicativa. Principais obras: Raison et Légitimité (Payot, 1978); Problèmes
de Légitimation dans le Capitalisme Avancé (Payot, 1978).
Hegel e a
educação -
Hegel não dedicou qualquer obra à pedagogia e à educação, embora numa carta ao
seu amigo Niethammer, datada de 9/6/1821, tenha afirmado o seu interesse em
escrever um livro sobre a Pedagogia Política. Infelizmente, talvez por falta de
tempo, não chegou a escrever tal livro. Em contrapartida, deixou-nos uma
monumental obra filosófica, cujos maiores marcos foram, sem dúvida, A
Fenomenologia do Espírito (1807), Ciência da Lógica (1816), Princípios
da Filosofia do Direito (1832), Lições sobre a História da Filosofia (1836),
Lições sobre a Estética (1837-42) e Lições sobre a Filosofia da
História (1837).
Para
uma vida relativamente curta, Hegel nasceu, em 1770, em Estugarda, e morreu, em
1831, ainda por cima uma vida marcada por alguma instabilidade profissional,
seria difícil exigir mais. Embora George-Wilhelm Freidrich Hegel seja, à
semelhança de Kant, o exemplo do filósofo profissional, já que dedicou toda a
sua vida adulta a ensinar Filosofia, a verdade é que o seu caminho em direcção
à cátedra universitária não foi uma curta linha recta. Depois de alcançar o
grau de mestre em Filosofia, em 1790, com apenas 20 anos, Hegel defende a sua
dissertação e renuncia à profissão de pastor, para a qual se havia preparado,
durante a juventude. Em 1793, torna-se preceptor em Berna. Seria necessário
esperar mais oito anos para alcançar o cargo de "privat dozent",” na
Universidade de Iena, mas só, em 1805, consegue a nomeação para professor
extraordinário, na mesma Universidade. De 1808 a 1816, exerce o cargo de reitor
do liceu de Nuremberga, após o que atinge o topo da sua carreira académica, com
a nomeação para a cátedra de filosofia da Universidade de Heidelberga e, dois
anos depois, para a cátedra de filosofia da Universidade de Berlim, em
substituição de Fichte, entretanto falecido.
Embora
o estudo da pedagogia não tenha sido um campo a que tivesse dedicado o seu
talento intelectual, é possível conhecer as suas ideias sobre a educação,
graças aos discursos proferidos durante os oito anos em que foi reitor do Liceu
de Nuremberga.
Pouca
gente conhece a faceta pedagógica do grande filósofo alemão, apesar de o
exercício da docência ter sido uma componente forte da vida de Hegel. Em
Dezembro de 1808, Hegel foi nomeado reitor do “ginásio” de Nuremberga, uma
escola fundada
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pelo humanista Melanchton, em 1526.
Exerceu o cargo até 1816, ano em que conseguiu obter um cargo de professor na
Universidade. Os seis discursos sobre educação datam desse período.
São
seis discursos destinados a uma audiência composta pelos professores,
autoridades educativas, alunos e pais. Ressalta desses discursos, um pensamento
pedagógico seguro e sólido, baseado no realismo, bom senso e profundo respeito
pela cultura clássica e humanista. Neles, é possível antever o neohumanismo
hegeliano e a sua oposição a algumas correntes utilitaristas da pedagogia
humanista, em particular as ideias educacionais de Rousseau. Ao optimismo
naturalista de Rousseau, Hegel opunha a superioridade da perspectiva
antropológica assente na razão.
Convém
ter presente que, naquela época, existiam duas perspectivas com alguma
influência nos meios pedagógicos: o neohumanismo e o filantropismo. O primeiro
defendia um ensino geral, fortemente centrado na transmissão da herança
cultural clássica. O segundo reduzia a educação à aquisição de aptidões
técnicas que conduzissem ao exercício de uma profissão. Naquele tempo, como
hoje, essas duas importantes perspectivas marcavam, decididamente, as políticas
educativas. Hegel, como racionalista e idealista, fortemente defensor da
tradição cultural clássica e do humanismo grego e latino, estava com a primeira
perspectiva.
Ao
longo dos seus discursos, nota-se a defesa de uma escola cultural, com um
currículo pequeno mas profundo, onde o latim, o grego, o alemão, as
matemáticas, a física, a geografia e a história tinham um papel preponderante.
O liceu de Nuremberga, dirigido por Hegel, procurava transmitir às novas
gerações um tradição cultural sólida, baseada em saberes constituídos e
testados pelo crivo do tempo, embora sem descurar uma componente
extra-curricular, igualmente forte, que dava o tom ao liceu e permitia a
construção de pontes com a comunidade envolvente. As comemorações, as festas
religiosas e as actividades culturais constituíam essa componente
extra-curricular. Apesar dos seis discursos terem sido proferidos ao longo de
oito anos, revelam as mesmas preocupações pedagógicas e evidenciam a sua visão
dialéctica. Em todos os discursos, Hegel insiste na seriedade do trabalho
pedagógico, na responsabilidade individual, na exigência de aplicação por parte
dos alunos, no rigor intelectual, no respeito pelos professores e no uso da
razão e da reflexão.
Heteronomia
moral -
Conceito que designa uma moralidade dependente da autoridade, quer seja a
autoridade física quer seja a autoridade divina. As pessoas que raciocinam ao
nível dos estádios 1 e 2 de Kohlberg costumam estar associadas a uma moralidade
heterónoma porque dependente do receio dos castigos e condicionada pela
obediência à autoridade. Piaget considerava que as pessoas com um
desenvolvimento intelectual típico do estádio das operações concretas não
podiam ir além de uma moralidade heterónoma.
Ver Kohlberg.
Hierarquia de
valores -
Expressão que designa uma posição que defende a existência de
valores
primeiros, isto é, que tomam a primazia em caso de conflito com outros. O
modelo curricular da clarificação de valores não aceita a existência de
hierarquias morais. Para este modelo não há valores mais morais do que outros,
tudo depende do ponto de vista do indivíduo. Para o modelo curricular
comunidade justa, os valores primeiros são os que pressupõem deliberações que
fazem uma clara opção pelo princípio da justiça.
Ver Kohlberg.
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Hipótese
-
Termo que designa uma proposição testável que pode vir a ser a solução do
problema. A formulação das hipóteses deve obedecer aos seguintes princípios:
devem ser testáveis, serem justificáveis e serem relevantes para o problema em
estudo. As hipóteses devem ser susceptíveis de quantificação e reunirem alguma
generalidade explicativa. Há hipóteses dedutivas e hipóteses indutivas. As
primeiras decorrem de uma determinada teoria e procuram comprovar deduções
implícitas das mesmas teorias. As indutivas surgem a partir da experiência e da
observação dos fenómenos. As hipóteses também podem ser divididas em
conceptuais, operativas e estatísticas. As primeiras são as que estabelecem uma
relação entre variáveis ou uma relação a uma ou mais teorias. As segundas
indicam-nos as operações necessárias para a sua observação. As últimas
expressam a relação esperada em termos quantitativos. Para aprofundar este
assunto sugiro aos leitores o livro de Leandro Almeida e Teresa Freire (1997), Metodologia
da Investigação em Psicologia e Educação, APPORT.
Hirsch (E. D.) - E.D. Hirsch é
um professor universitário norte-americano que há mais de três décadas se
dedica ao ensino da Língua Inglesa e à investigação sobre reforma curricular.
Em reacção aos movimentos multiculturalistas de cariz radical e às pressões no
sentido de conformar as escolas e o pensamento pedagógico ao “politicamente
correcto”, E. D. Hirsch Jr. tem vindo a publicar vários livros onde faz a
defesa de um currículo centrista, baseado nas disciplinas académicas
tradicionais e no qual 50% dos tempos lectivos são preenchidos com o que chama
de “core curriculum”, ou seja, os conhecimentos científicos, tecnológicos, artísticos
e literários considerados consensuais. Esse conjunto de conhecimentos agrupa
aquilo que de melhor foi sendo culturalmente construído pelas gerações que nos
precederam em todos os domínios do saber. Por outras palavras, constitui o
cânone ocidental, numa palavra, aquilo que une e cimenta a nossa matriz
civilizacional comum. O currículo escolar centrista é aquele que acentua a
matriz civilizacional comum, considerando que cabe à escola conservar e
transmitir aquilo que de melhor a nossa civilização construiu. Nesse sentido,
Hirsch manifesta-se como um destacado opositor aos movimentos e autores que
procuram substituir os clássicos por autores contemporâneos de valia ainda
discutível ou por autores menores cujas obras representam interesses e pontos
de vista marginais. O pensamento educacional de Hirsch insere-se no movimento
de regresso aos clássicos e de defesa dos cânones da civilização ocidental. Com
os direitos de autor dos seus livros, nomeadamente os “best-sellers” Cultural
Literacy e The Schools We Deserve And Why We Don`t Get Them, criou a
Core Knowledge Foundation, uma organização de apoio à reforma curricular
inspirada no pensamento de E. D. Hirsch, a partir da qual tem feito a
coordenação do trabalho pedagógico desenvolvido nas mais de 300 escolas que
levam à prática o modelo centrista.
A Core
Knowledge Foundation, um centro de investigação e difusão da reforma
curricular proposta por E. D. Hirsch Jr., com sede em 2012-B Morton Drive,
Charlottesville, Virginia, aconselha os professores interessados em levar à
prática o modelo curricular centrista, a lerem e estudarem com atenção a Core
Knoweledge Sequence, constituída por listas de conteúdos sobre as
disciplinas básicas dos seis primeiros anos de escolaridade. O livro A
School`s Guide to Core Knoweledge: Ideas for Implementation constitui um
bom guia para começar a mudar o currículo escolar. A Core Knowledge
Foundation funciona como uma rede de comunicações entre os professores e as
escolas, colocando ao dispor dos professores materiais curriculares e
planificações de unidades didácticas.
Ver Modelo
Centrista e Currículo Nacional.
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