Kant
(Emmanuel)
- Immanuel Kant nasceu em 1724, na cidade de Konisberg, onde estudou e foi
professor, tendo aí residido toda a sua vida. O seu pai era um modesto artesão
correeiro e a sua mãe era uma pessoa muito influenciada pelo pietismo. De 1732
a 1740, frequentou o “Collegium Fredericianum”, onde obteve uma formação
clássica e pietista, reforçando aí o pietismo que recebeu por parte da educação
materna. De seguida, entra como aluno na Universidade de Konisberg, onde mais
tarde se tornará professor. Durante os seus primeiros anos de Universidade,
interessou-se, sobretudo, pelos estudo das Ciências da Natureza e pela mecânica
newtoniana. Antes de obter o seu diploma universitário, em 1755, trabalhou
alguns anos como preceptor. Só em 1770, viria a obter o lugar de professor
titular na Universidade onde foi aluno.
Kant era
justamente conhecido na cidade como uma pessoa de bem, que cultivava as
virtudes da prudência, da moderação, do rigor moral e do cumprimento do dever.
A sua educação no “Collegium Fredericianum” e a influência pietista por parte
da mãe foram grandemente responsáveis pelo rigorismo moral de Kant. A sua
extensa e diversificada obra tem muito a ver com o seu carácter. Kant nunca
chegou a casar e dedicou toda a sua vida ao ensino da Filosofia e à escrita da
sua obra.
A vida de Kant
confunde-se com a sua obra, sendo possível dividir, um e outra, em três
períodos: de 1724 a 1755, foi a época dos estudos e dos primeiros ensaios sobre
Ciências da Natureza; de 1755 a 1770, corresponde à época dos ensaios
antecríticos e ao período como professor não titular; de 1770 a 1797, período
dos ensaios críticos e da carreira como professor titular. O último período foi
o mais fecundo em termos filosóficos. Datam desse período as suas obras
capitais: Crítica da Razão Pura (1781); Estabelecimento da Metafísica
dos Costumes (1785); Crítica da Razão Prática (1788); Crítica da
Faculdade de Julgar (1790); Da Paz Perpétua (1795). Kant conheceu,
em vida, grande popularidade nos meios académicos, não só na Alemanha, mas
também, na Suiça, Países Baixos, Grã-Bretanha e França. Da parte do Governo,
obteve respeito e consideração. Apesar de Kant ser um admirador dos ideais
racionalistas e iluministas da Revolução Francesa, soube criticar os excessos
revolucionários. Por formação e por carácter, Kant soube critica com prudência
e moderação as instituições políticas do seu tempo, nunca se deixando envolver
em polémicas apaixonadas ou cruzadas políticas. Só uma vez se sentiu
pressionado na exposição das suas doutrinas. Foi apenas na ocasião em que
escreveu sobre religião, numa série de quatro artigos publicados na Revista
Mensal de Berlim, reunidos mais tarde sob o título de A Religião nos Limites
da Mera Razão (1793). Quando se preparava para publicar um desses artigos,
Kant recebeu uma carta do Governo prussiano a pedir-lhe explicações e a
ordenar-lhe que evitasse, no futuro, escrever sobre religião. Kant
comprometeu-se, por escrito, a nunca mais escrever sobre religião, assumindo-se
como súbdito fiel de Sua Majestade Real. Kant levou uma vida tranquila, inteiramente
dedicada ao ensino e à escrita. Até ao fim, acreditou no poder da razão, no
respeito das leis justas, na autonomia da escolha moral e no papel
civilizacional da educação. Kant deixou a Universidade, em 1797, devido a
problemas de saúde. Continuou a escrever até morrer, em 1804. Embora, o seu
último ano de vida tenha sido marcado por uma decadência física muito grande,
Kant encarou a doença e a morte com tranquilidade e resignação.
As obras
principais de Kant foram: Crítica da Razão Pura (1781); Fundamentos
da Metafísica dos Costumes (1785); Crítica da Razão Prática (1788); Crítica
da Faculdade de Julgar (1790); Prolegónomos a Toda a Metafísica Futura
que Poderá Apresentar-se como Ciência (1783).
A
obra Dissertação sobre os Primeiros Princípios do Conhecimento Metafísico foi
escrita com a finalidade de poder exercer o lugar de professor livre da
Universidade de Konisberg, onde ensinou Matemática, Física, Lógica Moral e
Filosofia. Com a apresentação da dissertação A Forma e os Princípios do Mundo
Sensível e do Mundo Inteligível, Kant passa a professor titular da mesma
Universidade, ensinando a partir daí apenas Lógica e Metafísica.
As publicações
anteriores a 1770 abordam matérias que ultrapassam os limites da Filosofia, já
que Kant foi obrigado até essa data a leccionar uma enorme quantidade de
disciplinas e assuntos. Nos últimos anos da sua vida, escreveu, ainda, A
Religião nos Limites da Simples Razão (1793), o Conflito das Faculdades (1798)
e os Primeiros Princípios Metafísicos das Ciências da Natureza. Kant
morre em 1804, sete anos depois de deixar o ensino. Kant não escreveu apenas
sobre Filosofia. Muitas obras escritas antes de Kant passar a professor titular
de Filosofia (1770) tratam de questões relacionadas com as Ciências da
Natureza: A Terra Sofreu Algumas Modificações no Seu Movimento de Rotação
desde a Origem (1754); A Terra Envelhece? Pesquisa Feita do Ponto de
Vista Físico (1754); História Universal da Natureza e Teoria do Céu,
onde se Trata do Sistema e da Origem Mecânica do Universo segundo os Princípios
de Newton (1755); Resumo das Meditações sobre o Fogo (1755); Sobre
os Terramotos de 1755 em Quito e Lisboa (1755); Monadologia Física (1756);
Sobre a Teoria dos Ventos (1756); Do Fundamento da Diferença das
Regiões no Espaço (1768). Ao longo da sua vida, escreveu esporadicamente
sobre Religião, Direito e Política: O único Fundamento Possível de uma
Demonstração da Existência de Deus (1763); Do Emprego dos Princípios
Teológicos em Filosofia (1788); Da Paz Perpétua (1795); Princípios
Metafísicos da Teoria do Direito (1797).
Kohlberg
(Lawrence)
- Lawrence Kohlberg doutorou-se em Psicologia na Universidade de Chicago, em
1958, com uma Tese de Doutoramento sobre o Raciocínio Moral em Rapazes
Adolescentes. Antes de se doutorar, Kohlberg ofereceu-se como voluntário para
integrar a tripulação de um navio mercante norte-americano que conduziu ao novo
Estado de Israel dezenas de judeus, recém-libertados dos campos de concentração
nazis. A experiência na construção do novo Estado de Israel e o contacto com os
campos de extermínio nazis seriam acontecimentos marcantes na sua vida. De
origem judaica, Kohlberg aderiu, bastante cedo, a uma ética humanista, de
influência kantiana. Na psicologia, a sua maior influência foi a obra de
Piaget, em particular, o livro Le Jugement Morale Chez les Enfants, que
leu enquanto estudante universitário. Professor de Psicologia do
Desenvolvimento na Graduate School of Education da Harvard University, Kohlberg
fundou e dirigiu, durante vários anos, o Center for Moral Education. Morreu em
1987.
Lawrence
Kohlberg dedicou toda a sua vida adulta ao estudo do desenvolvimento moral.
Grande parte dos seus estudos foram publicados inicialmente em revistas
científicas e, mais tarde, foram reunidos em dois volumes, de cerca de 500
páginas cada, publicados, em 1981 e 1983, na Harper and Row, com o título de Essays
on Moral Development I e II- The Philosophy of Moral Development and The
Psychology of Moral Development. Dos seus inúmeros artigos publicados em
revistas, é possível destacar os seguintes: “The Child as Moral Philosopher”, Psychology
Today, Setembro de 1968, 25-30; “Moral Education and the New Social
Studies”, Social Education, XXXVII, 5, 1973, 369-75; “Moral Education in
the Schools: A Developmental View”, School Review, LXXIV, 1, 1996, 1-29.
Muitos dos seus estudos foram publicados em obras colectivas, tais como: “The
Moral Atmosphere of the
Schools”, in Readings in Moral Education, ed.
Peter Scharf, Winston Press 1978; “Educating for a Just Society: An Updated and
Revised Statement”, in Moral Development, Moral Education and Kohlberg,
ed. Brenda Munsey, Religious Education Press1980; “Revisions in the Theory and
Practice of Moral Development”, in New Directions for Child Development:
Moral Education, nº 2, ed. William Damon, Jossey Bass, 1978; “The
relationship of Moral Education to the Broader Field of Value Education”, in Values
Education: Theories, Practice, Problems, Prospects, ed. J.Meyer, B. Burnham
e J. Cholvat, Wilfid Laurier University Press, 1975. Em Portugal, a
teoria de Kohlberg tem conhecido um interesse crescente nos meios académicos.
Orlando Lourenço, professor de Psicologia do Desenvolvimento na Faculdade de
Psicologia e de Ciências da Educação e Júlia Oliveira-Formosinho, docente de
Educação de Infância no Instituto de Estudos da Criança da Universidade do
Minho têm sido os autores portugueses que mais têm publicado sobre
Desenvolvimento e Educação Moral, no quadro da teoria de Kohlberg. Das suas
inúmeras obras, destaco as seguintes: Orlando Lourenço. Psicologia do
desenvolvimento Moral - Teoria, Dados e Implicações. Livraria
Almedina.1992; Orlando Lourenço. Educar Hoje Crianças para o Amanhã.
Porto Editora. 1996; Orlando Lourenço, Psicologia de Desenvolvimento
Cognitivo: Teoria, Dados e Implicações, Livraria Almedina; Júlia
Oliveira-Formosinho e outros. Educação Pré-escolar - A Construção Social da
Moralidade. Texto Editora. 1996; Júlia Oliveira Formosinho e outros. Modelos
de Educação de Infância. Porto Editora. 1996. A teoria de Kohlberg tem sido
usada como enquadramento teórico, em várias Teses de Mestrado e de
Doutoramento, apresentadas em Universidades portuguesas, nas últimas duas
décadas. A Tese de Doutoramento de Orlando Lourenço foi, a esse nível um
trabalho pioneiro: Orlando Lourenço (1988). Altruísmo: Generosidade ou
Inteligência Sócio-cognitiva? Lisboa. INIC. Este autor tem vindo a publicar
uma obra vasta e inovadora que pretende constituir-se como um desenvolvimento
da teoria de Kohlberg. Uma grande parte dos seus estudos estão publicados nas
revistas Análise Psicológica, Cadernos de Consulta Psicológica, Psychologica
e Revista Portuguesa de Educação.
Ver Comunidade
Justa e Ética da Justiça.
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