DICIONÁRIO BREVE DE PEDAGOGIA
2ª Edição (Revista e aumentada)
Ramiro Marques
Nota Biográfica
sobre o autor
Ramiro Marques é
licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa,
Mestre em Ciências da Educação pela Boston University, Doutor em Ciências da
Educação, na especialidade de Desenvolvimento Curricular e Agregado em Educação
pela Universidade de Aveiro. Foi professor efectivo do ensino secundário
durante doze anos e é professor do ensino superior politécnico desde 1985.
Actualmente é professor-coordenador com agregação do quadro da Escola Superior
de Educação do Instituto Politécnico de Santarém. É autor de 19 livros sobre
educação e tem colaboração dispersa em mais de um dezena de livros e em várias
revistas portuguesas, inglesas e americanas. Foi membro do Conselho Nacional da
Educação, Presidente da Comissão Instaladora da Escola Superior de Educação de
Santarém, Director da Escola Superior de Educação de Santarém, membro da
Comissão Instaladora do Instituto Politécnico de Santarém e Presidente do
Conselho Científico da Escola Superior de Educação de Santarém. Foi membro
fundador da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. É membro da direcção
da Associação da Educação Pluridimensional e da Escola Cultural.
A Obra
O Dicionário
Crítico de Pedagogia visa proporcionar informação básica sobre termos e
conceitos de Pedagogia a um público alargado, constituído não só por
professores e estudantes dos Cursos de Formação de Professores, mas também por
outras pessoas directa ou indirectamente interessadas na Educação.
Foi dado um
destaque particular às teorias da aprendizagem, aos modelos de ensino, à
história da pedagogia e aos pedagogos que deram um maior contributo para o
desenvolvimento de teorias sobre educação e ensino.
Os conceitos
sobre planificação, avaliação, currículo, métodos de ensino e técnicas de
ensino mereceram, também, uma atenção especial.
2
Abordagem
sistémica - Metodologia
que visa o estudo dos sistemas na sua complexidade organizada, tendo em conta a
interdependência e interacção dos elementos que os constituem. A abordagem
sistémica foi desenvolvida a partir dos estudos de L. von Bertalanffy,
nomeadamente, a sua Teoria geral dos Sistemas e na sequência da teoria
da comunicação desenvolvida por G. Bateson e P. Watzalawick. Todos os sistemas
funcionam em obediência às seguintes características: globalidade, ou seja,
todos os elementos estão ligados entre si; retro-alimentação, isto é, os
elementos afectam e são afectados pelos outros; homeostasia, ou seja, todo o
sistema tende a manter o seu equilíbrio funcional e aumento de entropia, isto
é, o sistema tende para a desorganização.
Acomodação - Expressão que
significa adaptação e ajustamento. Jean Piaget desenvolveu o conceito de
acomodação, dando-lhe o significado de ajustamento do organismo às exigências
do meio. O conceito de acomodação em Piaget surge associado ao conceito de
assimilação. O sujeito procura conjugar-se com o ambiente tendo em vista o
equilíbrio das relações do indivíduo com o meio.
Ver Desenvolvimento
e Desenvolvimento Moral.
Acto moral - Para que um
acto seja moral devem estar reunidas as seguintes condições: que seja
consciente, que seja voluntário e que seja livre. Deste modo, o homem passa a
ser sujeito e artífice da sua própria conduta, que emana da sua decisão
pessoal. O acto imoral ocorre quando a pessoa sacrifica uma valor superior a um
valor inferior, elegendo este último. Ver Kohlberg e Modelo da
educação do carácter.
Aculturação - É o processo
que abre progressivamente a criança ao acesso à cultura, graças às interacções
que estabelece com o meio. Este processo pode ser facilitado por meio de
metodologias de ensino que respeitem o estádio de desenvolvimento da criança e
as suas necessidades e motivações.
Adaptação - Termo que
significa mudança de comportamento que permite ao sujeito uma melhor integração
no meio. Jean Piaget definiu a adaptação como a propriedade que os organismos
possuem para se ajustarem às condições do meio, estabelecendo com o meio um
estado de equilíbrio que resulta da acção conjunta da assimilação e da
acomodação.
Ver Teoria
Cognitivo-desenvolvimentista da Aprendizagem
Adler (Mortimer)
- Filósofo
e pedagogo norte-americano, nascido em 1902, na cidade de Nova Iorque, que
concebeu um modelo de ensino essencialista, a que apelidou de “Proposta
Paideia”. As suas obras principais foram: How to Read a Book, The
Paideia Proposal, Paideia Problems and Possibilities e Reformimg
Education. Na “Proposta paideia”, Mortimer Adler defende o reforço do
estudo dos autores clássicos no quadro de uma reforma curricular que centre a
educação e a escola naquilo que constitui o legado civilizacional. Estudou na
Universidade de Columbia, onde foi professor de Psicologia, de 1923 a 1929. Em
1930, muda-se para a Universidade de Chicago, onde permanecerá até 1952, a
ensinar Filosofia do Direito e Filosofia da Educação. Em 1953, aceita o lugar
de Reitor do Institute for Philosophical Research, em S. Francisco. Alguns anos
antes, em 1945, edita com Robert Hutchins os 54 volumes da colecção
3
Great Books of The Western
World. Foi o Editor dos 20 volumes dos Annals of America
e o Director da 15ª edição da Enciclopédia Britânica. Escreveu numerosas obras sobre Filosofia e Educação: How
to Read a Book; The Differences of Man and the Differences it Makes;
Philosopher at Large: An Intelectual Autobiography; The Paideia
Proposal; Paideia Problems and Possibilities e Reforming
Education.
A teoria
pedagógica de Mortimer Adler baseia-se, essencialmente, em três livros
publicados na década de 80: The Paideia Proposal: An Educational Manifesto;
Paideia Problemas and Possibilities; The Paideia Program.
Mortimer Adler
afirma-se profundamente influenciado pelo pensamento educacional de Horace
Mann, John Dewey e Robert Hutchins e uma leitura cuidada dos seus livros
leva-nos a considerar as propostas de Adler como uma verdadeira síntese e
aplicação à realidade actual, por um lado, da utopia educativa de Platão e da
maiêutica socrática e, por outro lado, das ideias pedagógicas de Horace Mann e
John Dewey.
Ver Modelo
Paideia.
Adolescência - É o período de
desenvolvimento humano que marca a passagem da infância para a idade adulta. A
adolescência inicia-se com a puberdade e as transformações biológicas que lhe
andam associadas. O seu termo depende de circunstâncias biológicas, sociais e
culturais. Nas sociedades ocidentais, o período da adolescência tem vindo a
alargar-se, acompanhando o aumento da escolaridade. O adolescente ganha
autonomia crescente e constrói uma identidade afectivo-sexual, marcada não só
pelas experiências e contactos estabelecidos, mas também pelas características
socioculturais da sua comunidade.
Afectividade - Conjunto de
factos que fazem parte da vida afectiva caracterizados pela sua associação ao
prazer, à dor, à alegria ou à perda. A afectividade desempenha um papel crucial
na aprendizagem. É ela que desencadeia e orienta a actividade da criança. Pode
ser fonte de perturbações, mas também de satisfação. A afectividade fundamenta
a confiança, a identificação e a imitação. Benjamin Bloom compreendeu a
importância do domínio afectivo na aprendizagem e dedicou-lhe uma taxonomia a
que chamou de Taxonomia dos Objectivos Educacionais - Domínio Afectivo.
Agostinho
(Santo) -
Aurelius Augustinus nasceu em 345 em Tagusto, hoje denominada Souk-Ahras,
situada junto à fronteira da Tunísia, a cerca de 300 quilómetros do
Mediterrâneo. Tagusto era um município rural, romanizado há três séculos. O seu
pai, de nome Patricius, era pagão e trabalhava para a administração do
município. A mãe, de nome Mónica, era uma cristã devota. Em casa do jovem
Agostinho só se falava o latim. O pai de Agostinho morre quando ele chega a
Cartago para dar continuidade aos seus estudos. Agostinho tinha um irmão, de
nome Navigius, e uma irmã, que virá mais tarde a dirigir um mosteiro para
mulheres. Agostinho é romano por cultura e africano pela raça. Desde cedo que
usa o latim não só como lingua oral mas também como linguagem escrita. O pouco
que conhece do grego, não é suficiente para o usar no dia a dia. Aprenderá
algumas palavras de púnico, o suficiente para se fazer entender com os
camponeses, no cumprimento dos seus deveres de bispo. Antes de ser nomeado
bispo, Agostinho passa alguns anos em Cartago e em Roma, a estudar. Vive
durante alguns anos em Cartago com uma mulher que lhe dará o seu único filho,
de nome Adeodato. Conservará essa mulher durante quinze anos. Por pressão da
sua mãe, que queria para ele um verdadeiro casamento cristão, Agostinho
abandona a mãe de Adeodato para casar com uma outra mulher. Esse acontecimento
será marcante na vida de Agostinho.
4
Durante
toda a sua vida, Agostinho não se conseguirá libertar de problemas de
consciência por ter abandonado a mãe do seu único filho. Viverá alguns anos na
Itália, acompanhado de Mónica, a sua mãe e do seu filho, Adeodato. Com a morte
de Mónica, Agostinho regressa definitivamente a Hipona, onde permanecerá como
bispo até à sua morte. Em Hipona, Agostinho dedicar-se-á à escrita, aos deveres
de bispo e ao combate às ideias de grupos cristão não aceites por Roma, em
particular os donatistas. Agostinho morre em 428, em Hipona, quando a cidade
estava prestes a cair em poder dos vândalos.
Santo Agostinho
deixou-nos uma obra imensa. As quatro maiores obras são As Confissões, De
Trinitate, De Doutrina Christiana e De Civitate Dei. Outras
obras menos conhecidas: De Beata Vita, Silolóquios, Revisões,
Contra os Academicos e De Ordine. As suas obras mais conhecidas
são As Confissões e A Cidade de Deus. No livro As Confissões,
Santo Agostinho dá-nos testemunho das suas conversões, as de índole cultural
mas também as de índole religiosa. Em A Cidade de Deus, descreve a
epopeia da cultura cristã e apresenta o estatuto filosófico desta.
Agressividade - Termo que
designa comportar-se com hostilidade, como resposta à frustração. A
agressividade pode ser dirigida contra si próprio ou contra o outro e pode ser
aberta, dissimulada ou inibida. No primeiro caso, exerce-se através da ofensa
explícita e directa. No segundo, de forma indirecta, por exemplo, através de piadas
corrosivas. No terceiro, não se manifesta exteriormente, mas vai-se acumulando
até que se transforma em agressividade explícita.
Agrupamento de
escolas –
Designa uma unidade organizacional, dotada de órgãos próprios de administração
e gestão, constituída pelo estabelecimento de educação pré-escolar e escolas do
ensino básico ou secundário, a partir de um projecto pedagógico comum, sem
perda da identidade própria de cada estabelecimento.
Alain – De seu nome
verdadeiro, Émile Chartier, nasceu, em Mortagne, França, em 1868. Foi aluno do
colégio de Mortagne, dirigido por padres católicos, mas a influência religiosa
não durou muito tempo. Ainda adolescente, fez estudos no liceu Michelet, em
Paris e, logo depois, os estudos superiores na Escola Normnal Superior de
Paris, onde se licenciou em Filosofia, no ano de 1892. Foi professor de
Filosofia em vários liceus e começou a publicar muito cedo, em jornais e
revistas, com o pseudónimo de Alain. Voluntário na Guerra de 14-18, Alain
escreveu, pouco depois, Os Elementos de Filosofia, o Sistema das
Belas Artes, as Conversações e as Conversações Livres. A sua
obra Conversações sobre a Educação contitui, ainda hoje, um clássico
incontornável, com enorme influência no pensamento educacional francês. O
pensamento educacional de Alain constitui um hino aos clássicos e às grandes
obras. Defensor de uma escola centrada na defesa do cânone cultural, exigente e
rigorosa, Alain exerceu uma influência preponderante no sistema educativo
francês durante toda a primeira metade do século XX. Morreu em 1951.
Althusser
(Louis) -
Nasceu na Argélia, filho de pais franceses, em 1918 e faleceu, em Paris, em
1990, após vários anos de internamento psiquiátrico, na sequência do
assassinato da sua mulher, num momento de loucura que iria fazer com que os
tribunais franceses o considerassem inimputável e o libertassem da cadeia, após
um amplo movimento em defesa de Althusser que reuniu os seus amigos e
discípulos em toda a Europa. Louis Althusser era filho de um director bancário
destacado na Argélia
5
francesa.
Após fazer os seus estudos primários, acompanha a família de regresso ao sul de
França, passando a viver, na adolescência, sucessivamente em Marselha e em
Lyon, onde termina os estudos secundários e faz os preparatórios para o acesso
à Escola Normal Superior. Durante a segunda guerra mundial, adere à resistência
francesa e torna-se membro do Partido Comunista Francês, juntamente com aquela
que viria a ser a sua mulher, Helène Althusser. Após terminar o doutoramento em
Filosofia na Escola Normal Superior de paris, Louis Althusser torna-se
professor de Filosofia nessa escola universitária, acabando por exercer uma
influência enorme nos meios comunistas e socialistas de esquerda europeus e da
América Latina, durante os anos 60 e 70. O estudo da filosofia marxista
constituiu o cerne de toda a sua obra. Assumindo-se como um marxista não
ortodoxo, Louis Althusser tentou uma renovação e adaptação do marxismo aos
novos tempos caracterizados pelo desenvolvimento do capitalismo tecnológico e pela
emergência das novas classes médias urbanas, embora nunca tenha deixado de
pertencer ao Partido Comunista Francês. A sua influência nos meios educacionais
e pedagógicos de esquerda foi enorme, durante a década de 70. A crítica que fez
à escola burguesa, considerada por ele como um aparelho ideológico do estado,
influenciou um grande número de educadores descontentes com o papel que a
escola desempenha nos processos de selecção e de estratificação social.
Principais obras: Pour Marx (série de artigos redigidos entre 1960 e
1965); Lire le Capital (obra colectiva publicada em 1965); Montesquieu,
a Política e a História (1959); Posições (1976); Lenine e a
Filosofia (1969); Elementos de Autocrítica (1974). Pouco meses antes
de morrer, escreve uma autobiografia que viria a ser publicada após a sua morte
com o título O Futuro é Muito Tempo (Edições Asa, 1992). Embora nunca
tenha chegado a renunciar ao marxismo, é possível descortinar uma grande
amargura e tristeza nas páginas da sua autobiografia, notando-se nelas um
grande desencanto pelo que se passava nos países socialistas.
Altruísmo – Diz-se que uma
pessoa é altruísta quando procura beneficiar os outros e se preocupa com o bem
estar dos outros. Uma educação para a justiça visa, em grande medida, o
desenvolvimento de atitudes altruístas.
Ver Kohlberg.
Alves dos Santos
(Augusto Joaquim) -
Doutorado pela Universidade de Coimbra, Alves dos Santos deixou-nos uma
importante obra pedagógica, com destaque para: O Crescimento da Criança
Portuguesa, Subsídios para a Constituição de uma Pedologia Nacional (1913);
Psicologia e Pedologia, Uma Missão Científica no Estrangeiro (1913); Elementos
de Filosofia Científica (1915); Um Plano de Reorganização do Ensino
Público (1921). Foi um dos divulgadores em Portugal do movimento da
educação nova. Nasceu em 1866 e faleceu em 1924.
Ambiente de
aprendizagem - Designa
o clima, o contexto e a organização do processo de ensino aprendizagem que
influenciam a forma como os alunos se envolvem na realização das tarefas de
aprendizagem.
Ver Modelo
Directivo
Amostra - Termo que
designa um grupo de sujeitos junto dos quais se tenciona realizar a
investigação. Quando se selecciona uma amostra deve ter-se em conta o efectivo
necessário e a sua representatividade. Há vários tipos de amostras: a amostra
aleatória permite que qualquer sujeito possua a mesma probabilidade de integrar
a amostra
6
porque
todos os indivíduos que compõem a amostra foram escolhidos ao acaso; a amostra
estratificada implica a criação de grupos homogéneos com respeito à
característica que se estuda e, em conformidade, cada sujeito é tirado ao acaso
dentro de cada estrato.
Análise da
tarefa -
Designa o processo de dividir tarefas complexas nas suas componentes mais
simples. Também pode designar o processo de subdividir competências complexas
em sub competências simples, para poderem ser executadas uma de cada vez.
Ver Modelo
Directivo.
Análise de
conteúdo -
Processo de recolha de dados que incide sobre mensagens oriundas de obras
literárias, documentos oficiais ou programas audiovisuais. Os métodos de
análise de conteúdo implicam a aplicação de processos técnicos complexos, como
por exemplo, o cálculo das frequências relativas ou das co-ocorrências dos
termos utilizados.
Anomia moral – Refere-se a
uma situação marcada pela ausência de normas morais como critério de acção
moral. Diz-se que uma escola é anómica quando não possui um código de conduta e
as relações interpessoais não respeitam as normas.
Ver Durkheim
Apoio pedagógico
-
Conceito que designa um conjunto de actividades de remediação ou de
enriquecimento tendo em vista ajudar o aluno a ultrapassar as dificuldades ou a
melhorar, de alguma forma, os seus resultados escolares.
Aprendizagem por
descoberta -
Diz-se que a aprendizagem é por descoberta quando o aluno descobre, com um
certo grau de autonomia, os conhecimentos. O papel do professor é de guia e
facilitador e não de transmissor de conhecimentos. Considera-se que o aluno é
um agente activo da construção do conhecimento e que, dessa forma, aprende a
aprender. A aprendizagem por descoberta pode ser autónoma ou orientada. No
primeiro caso, é autónoma quando o aluno identifica um problema, formula
hipóteses, recolhe informações e atinge os resultados sem a direcção do
professor. No segundo caso, é orientada, quando o professor dá uma certa ajuda,
sempre que o aluno revela dificuldade em chegar às conclusões sozinho.
Ver Modelo
Interactivo
Aprendizagem por
recepção -
Diz-se que a aprendizagem é por recepção quando o o aluno recebe os
conhecimentos já preparados para serem assimilados. O papel do professor é
transmitir conhecimentos. O ensino está centrado no professor que, através de
uma planificação rigorosa e um ensino dirigido, é capaz de fazer passar para ao
aluno as parcelas do conhecimento que constituem o “corpus” do programa de
ensino.
Ver Modelo
Directivo
Aprendizagem
social -
Teoria que considera que a imitação e a modelagem dos comportamentos exercem um
papel central na aprendizagem. A. Bandura é um dos autores mais destacados
desta corrente. Segundo A. Bandura, a aprendizagem processa-se por imitação e
pela modelagem, ou seja, através da observação de um comportamento executado
por outrem e reprodução desse comportamento, ao qual se segue um processo de
identificação que corresponde à interiorização da aprendizagem.
7
Há
três tipos de aprendizagem por modelos: a aprendizagem por observação, por
imitação e por identificação. Um modelo é uma certa realidade que estimula a
sua imitação. Como é evidente, tanto a observação, como a imitação e a
identificação exercem um papel muito importante nos processo de aprendizagem.
Aptidão - A aptidão é
uma propensão, geralmente de carácter genético, embora possa ser aperfeiçoada e
desenvolvida pela experiência, que permite ao sujeito a realização de tarefas
com alguma complexidade e que exigem a existência de vários atributos
cognitivos e psicomotores. Pode nascer-se com uma aptidão natural para a
música, à semelhança de Mozart, mas essa aptidão só se transformará em
realidade, com o recurso à experiência e à aprendizagem. A aptidão está
relacionada com a teoria das múltiplas inteligências desenvolvida por Howard
Gardner, a qual sugere a existência de uma inteligência cognitiva a par de uma
inteligência emocional. As crianças possuem uma disposição natural para o
desenvolvimento de uma delas com maior profundidade, embora também possam
possuir a disposição para o desenvolvimento em profundidade de ambas. Há
aptidões de tipo motor, de tipo intelectual e de ordem estética. As primeiras
exprimem-se pela natureza e a qualidade do movimento. As segundas revelam
empreendimentos da inteligência prática ou especulativa. As últimas resultam da
sensibilidade e da afectividade.
Aquisição - Significa a
capacidade para incorporar informações e organizar essas informações em
conhecimentos a fim de poder dispor deles sempre que necessário. Há aquisições
que se fazem por processos de descoberta e aquisições que resultam de
actividades de recepção. As primeiras são mais valorizadas pelos métodos de
ensino construtivistas. As segunda são valorizadas pelos métodos expositivos.
Área curricular
transversal -
Diz-se que uma área é transversal quando os seus objectivos e conteúdos
contribuem para promover nos alunos competências, atitudes e valores
integradores e que são úteis ao aluno em todos os domínios do saber. Exemplos
de áreas curriculares transversais: a Formação Pessoal e Social e a Língua
Portuguesa.
Área-escola - Designa um
espaço curricular não disciplinar, de frequência obrigatória, nos ensinos
básico e secundário que visa a prossecução de projectos interdisciplinares e a
educação cívica dos alunos. A concepção dos propjectos da área-escola é da
responsabilidade do conselho pedagógico da escola, depois de ouvidos os
conselhos de grupo.
Aristóteles - Nasceu em 484
a.C., em Estagiros, cidade da Calcídica, situada num território dependente do
rei da Macedónia. Embora longe de Atenas, falava-se o grego na cidade natal do
filósofo. O seu pai, de nome Nicómaco, foi uma médico célebre, que prestou
serviço ao rei Amintas II, pai de Filipe da Macedónia. A mãe, de nome Faístias,
era natural da Cálcia, na Eubeia, onde Aristóteles viria a terminar os seus
dias. O pai de Aristóteles morreu quando este estava na puberdade e -a mãe
viria a falecer um pouco mais tarde. Órfão de pai e mãe, antes de atingir a
idade adulta, Aristóteles viria a ser educado por um tutor, Próxeno de
Atarneia, cujo filho Nicanor, viria a ser adoptado por Aristóteles. Aristóteles
foi estudar para Atenas com a idade de 17 anos. Permaneceu na Academia de Platão
até à morte deste, ou seja durante cerca de vinte anos. A Academia era, nessa
altura, uma Universidade prestigiada, que recebia alunos de toda a Grécia e da
bacia oriental do mediterrâneo. Os alunos estudavam na Academia em regime de
8
internato
e tinham fácil acesso à Biblioteca, ao museu e às salas de aula. Aristóteles
terá sido aluno de Platão, mas também privou com outros vultos da época:
Eudóxio, Heraclides do Ponto e Xenócrates. Não teve, contudo, oportunidade de
conhecer Sócrates, pois a condenação deste à morte ocorreu alguns anos antes da
vinda de Aristóteles para Atenas. Com a morte de Platão, em 347 e a passagem da
direcção da Academia para o sobrinho daquele, Espeusipo, Aristóteles abandona a
Academia, provavelmente decepcionado com a escolha. Decide, de seguida,
abandonar Atenas para ensinar em Assos, onde encontra Hérmias, um antigo aluno
da Academia de quem se torna amigo. Hérmias torna-se soberano de Assos e, após
a morte deste, Aristóteles casa com Pítia, a sobrinha de Hérmias. Após a morte
de Pítia, casa com Herpília, da qual teve um filho, Nicómaco, que morreu jovem
e a quem o filósofo dedica a sua Ética a Nicómaco. Em 343, Aristóteles é
encarregado por Filipe da Macedónia da educação do filho do rei, o futuro
Alexandre o Grande. Coincidindo com a expedição de Alexandre ao Oriente,
Aristóteles decide regressar a Atenas e fundar aí um escola a que deu o nome de
Liceu, onde ensina durante uma dúzia de anos. Após a morte de Alexandre, em
323, Aristóteles decide abandonar Atenas por sentir em perigo a sua segurança,
no seguimento da tomada do poder por forças anti-macedónicas. Refugia-se na
Eubeia, Cálcia, cidade natal da sua mãe e aí morre, com 63 anos, em 322 a.C.
Foram
recuperados três catálogos das suas obras. Um deles menciona 146 títulos e um
outro 192 títulos. Estrabão e Plutarco escreveram relatos sobre a maneira como
os manuscritos de Aristóteles teriam sido conservados. Parece evidente que
apenas chegaram até nós uma pequena parte dos seus muitos manuscritos. Das
chamadas obras platónicas de Aristóteles, que teriam sido escritas durante o
período em que frequentou a Academia, nenhuma nos resta. As obras que chegaram
até nós datam da época em que Aristóteles dirigiu o Liceu e reproduzem, quase
pela certa, as aulas do filósofo. Provavelmente, algumas delas baseiam-se em
notas tiradas pelos alunos. Eis algumas das obras de Aristóteles mais
significativas:
Sobre Lógica:
As Categorias; Da Interpretação; As Analíticas; Os Tópicos; A Refutação dos
Sofismas.
Sobre Conhecimento:
A Metafísica; A Física; Do Céu; Da geração e da Corrupção; Da Alma; A História
dos Animais; As Partes dos Animais; A Geração dos Animais; Sobre a Locomoção
dos Animais.
Sobre Moral e
Política: A Grande Moral; A Ética a Eudemo; A Ética a Nicómaco; A Política.
Sobre Criação
Artística: A Retórica; A Poética.
O leitor
interessado em aprofundar a teoria moral de Aristóteles não pode deixar de
fazer leituras cuidadas da Ética a Nicómaco e os livros I, II e III da Política.
Assimilação - Operação pela
qual a criança interioriza de alguma forma o meio, a fim de moldar o ambiente
às necessidades do seu organismo. A assimilação é, na perspectiva de Jean
Piaget, um processo complementar da acomodação. A assimilação prolonga as
aquisições de conhecimentos.
Atitude – É uma
disposição básica do indivíduo para agir num determinado sentido. É uma
combinação de conceitos, informação e emoções que dão lugar a uma predisposição
para responder favoravelmente ou desfavoravelmente a pessoas, grupos, ideias ou
objectos. Diz respeito à disposição do indivíduo para agir num determinado
sentido. As atitudes são determinantes nos comportamentos do indivíduo. A
atitude é uma posição que revela uma maneira de estar com os outros e de se
posicionar perante
9
as
outras pessoas. As atitudes apropriadas da pessoa são as que fomentam a sua
capacidade para interagir com o ambiente de uma forma saudável. As atitudes
impróprias são as que diminuem a capacidade do indivíduo para se desenvolver de
um modo construtivo. Há atitudes positivas e atitudes negativas. As positivas
são que favorecem o relacionamento interpessoal e a integração do sujeito na
sociedade. As atitudes negativas são as que prejudicam o relacionamento
interpessoal e que dificultam a integração do sujeito na sociedade. As atitudes
positivas andam, regra geral, associadas ao respeito pelas relações de
cortesia. Em sociedades fechadas, as atitude positivas estão muito dependentes
do respeito pelos costumes considerados socialmente aceites. Diz-se que uma
criança tem uma boa atitude quando ela mostra possuir um conjunto de valores
que respeitam a dignidade humana e favorecem a convivência social. Uma atitude
orientada para a aprendizagem exige o gosto pelo trabalho bem feito, espírito
empreendedor e persistência na tarefa. As atitudes proporcionam um quadro
simples e prático para levar a cabo comportamentos apropriados. A atitude é o
que uma pessoa está disposta a fazer e a agir de uma forma quase espontânea.
São predisposições relativamente persistentes que uniformizam a conduta de uma pessoa.
Ao contrário das normas, que são objectivas, as atitudes são subjectivas. As
atitudes podem adquirir-se, modificar-se e perder-se, por isso, a educação pode
ajudar a melhorar as atitudes da pessoa. As atitudes estão entre os valores e a
conduta, constituindo a mediação vivida dos primeiros face à segunda. Derivam
dos primeiros e inspiram e orientam a segunda, dando-lhe direcção, sentido,
tensão e força.
Atmosfera moral - Conceito que
designa um meio onde as relações interpessoais são democráticas, respeitadoras
da dignidade humana e dos direitos humanos. Um ambiente moral é aquele em que
todos são tratados como fins e não como meios. Num tal ambiente todos sentem
consideração e respeito pela sua pessoa e pela pessoa dos outros.
Ver Modelo
Comunidade Justa.
Ausubel (David) - Psicólogo e
pedagogo norte-americano nascido em 1918. Influenciado pela teoria cognitivista
de Jean Piaget, Ausubel orientou os seus estudos para o conhecimento da
importância da significação na eficácia da aprendizagem. A sua teoria da
aprendizagem, conhecida pelo nome de aprendizagem significativa, tem vindo a
ser aplicada, com sucesso, no ensino das ciências. David Ausubel introduziu o
conceito de organizador prévio como aprendizagem anterior que enquadra, em
termos de significado, as aprendizagens novas.
Autoavaliação
das escolas -
Esta expressão começou a entrar no discurso sobre a reforma educativa na década
de 90 e refere-se à possibilidade de serem os próprios professores a procederem
à avaliação do estabelecimento de ensino onde leccionam, através da aplicação
de questionários e análise de documentos em função dos indicadores que os
serviços do Ministério da Educação entendam ser relevantes para o efeito. Há,
contudo, várias abordagens à avaliação das escolas. As perspectivas
funcionalistas e tecno-burocratas acentuam indicadores relacionados com o
desempenho dos alunos e outros indicadores relacionados com a eficácia da
organização, nomeadamente a assiduidade dos professores e dos alunos, o nível
da formação dos docentes e a qualidade e diversidade dos equipamentos. Estas
perspectivas estão mais interessadas em avaliar os produtos do que os
processos. Pelo contrário, as perspectivas neo-marxistas e críticas parecem
mais interessadas na avaliação dos processos, nomeadamente, as percepções,
atitudes, expectativas, nível de participação na tomada
10
de
decisões, diferenciação das metodologias e práticas de discriminação positiva
em favor dos alunos oriundos das minorias.
Ver Autonomia
da Escola
Autoconceito - Termo que
designa a percepção que o sujeito tem de si próprio. O autoconceito constitui
uma peça importante na formação da identidade pessoal e tem uma enorme
influência na aprendizagem. O autoconceito constrói-se a partir da avaliação
que o sujeito faz dos seus desempenhos ao longo do tempo e da comparação com o
desempenho dos seus pares.
Autonomia da
escola -
Esta expressão começou a entrar no discurso sobre a reforma da escola pública
nos anos 80. Na verdade, as escolas privadas sempre foram autónomas, porquanto
se caracterizam por apresentarem um programa educativo de livre escolha dos
alunos e das famílias que optam por elas. O movimento de defesa da autonomia
das escolas públicas surge a par da defesa da descentralização, da
desregulamentação e da contratualização, a partir do momento em que o Estado
começou a duvidar da sua capacidade para gerir um sistema tão complexo e
diversificado como é o sistema público de educação. Face ao peso organizacional
e ao nível conflitual do sistema público de educação, o Estado viu-se obrigado
a partilhar o seu poder com os diferentes níveis de organização política e
administrativa e da sociedade civil e encontrar novas formas de impor a sua
autoridade, criando exigências de transparência, mecanismos de controlo e
sistemas de avaliação. Na década de 80, esse movimento acentuou a
desconcentração dos serviços do Ministério da Educação, através da criação das
Direcções Regionais da Educação e respectivos Centros de Área Educativa. No
segunda metade da década de 90, esse movimento acentuou a transferência de
competências educativas para as autarquias locais, não só no domínio dos
transportes - que já acontecia antes - mas também no domínio das construções
escolares, definição da rede escolar, participação nos órgãos de direcção das escolas,
ocupação dos tempos livres e financiamento de algumas actividades escolares. O
novo quadro de autonomia, gestão e administração das escolas vem dar não só
mais competências às autarquias, mas também potenciar o agrupamento de escolas
e uma maior participação da comunidade na direcção dos estabelecimentos de
ensino.
Autonomia moral - Conceito que
designa a capacidade do sujeito emitir juízos morais e fazer escolhas morais de
acordo com o imperativo categórico, o respeito pelos princípios éticos e o
cumprimento do dever. Kant foi o autor que maior contributo deu para a
definição deste conceito. Piaget e Kohlberg consideram-no central nas suas
teorias do desenvolvimento moral. Tanto um como outro consideram que uma das
principais finalidades da escola é a promoção da autonomia moral dos alunos. A
moral autónoma é de orientação deontológica e opõe-se à moral heterónoma que é
caracterizada por uma orientação teleológica. Na primeira, o sujeito toma
decisões com base na reflexão e na sua consciência. Na segunda, o sujeito toma
decisões com base no respeito pela autoridade. Uma lei moral é autónoma quando
tem em si mesma o seu fundamento e a razão própria da sua legalidade.
Ver Modelo
Comunidade Justa
Autoridade - A autoridade
não é sinónimo de repressão. Todas as crianças precisam do contacto com a
autoridade, não apenas para se identificarem com determinados modelos, valores
e comportamentos, mas também para desenvolverem mecanismos e hábitos de
conduta. Não há educação sem autoridade, uma vez que a educação é não só
11
o
processo de desenvolvimento do potencial humano, mas também o processo de
transmissão da herança cultural às novas gerações. A educação é sempre
simultaneamente conservadora e inovadora. Quando visa a transmissão do legado
cultural, a educação procura conservar e proteger esse legado. Quando visa o
desenvolvimento do potencial que existe em cada pessoa, a educação abre caminho
para a criação artística, científica e tecnológica, de forma a permitir o
desenvolvimento de um saber novo. Embora a autoridade esteja mais presente na
dimensão transmissora da educação, ela também tem lugar na dimensão criadora,
visto que não é possível criar a partir do nada ou do vazio. A criação cultural
e artística necessita, também, do contacto com a autoridade, nomeadamente os
grandes mestres que ajudaram a constituir os vários ramos do saber e da criação
artística. A autoridade é, também, uma exigência do processo de socialização da
criança. As primeiras autoridades são o pai e a mãe e é no quadro da família
que a socialização primária se verifica. Na escola, as autoridades são os
professores e os autores que têm espaço no currículo escolar. O crescimento e a
aprendizagem da criança implicam relações continuadas com várias autoridades.
Toda a relação implica uma certa frustração, isto é a capacidade para conciliar
os seus interesses imediatos com os interesses dos outros. Aristóteles defendia
a procura de um justo meio entre autoritarismo e licença. Uma educação
autoritária inibe a iniciativa da criança, torna-a demasiado dependente dos
outros, reduz a sua auto-confiança e limita-lhe a criatividade. Ver Modelo
da educação do carácter e Obediência.
Autoridade
carismática –
Designa uma autoridade que radica na força e no carisma de personalidades fora
do comum. Os subordinados obedecem à autoridade dos líderes carismáticos porque
acreditam na sua força e admiram a sua abnegação, devoção a arrebatamento
pessoal.
Autoridade
racional –
Designa um tipo de autoridade que tem origem na crença da legitimidade das leis,
das regras e dos regulamentos. Esta autoridade vai buscar a sua legitimidade ao
carácter prescritivo e normativo das leis. Tanto os superiores como os
subordinados optam por cumprir as leis, as normas, as regras e os regulamentos,
porque consideram que a sua existência está fundamentada na racionalidade.
Autoridade
tradicional –
Designa um tipo de autoridade que procura a sua legitimidade na tradição, no
hábito, no costume e no direito consuetudinário. Os subirdinados aceitam como
legítimas as ordens superiores que emanam dos costumes e das tradições.
Auxiliar de
acção educativa -
Ao auxiliar de acção educativa cabem funções nas áreas de apoio à actividades
pedagógica, de acção social escolar e de apoio geral aos professores, conforme
o disposto no Decreto-Lei nº 223/87 de 30 de Maio. O acesso a esta categoria
profissional exige o 9º ano de escolaridade como habilitação mínima.
Avaliação - Conceito que
designa o processo de confronto entre as metas estabelecidas e os resultados
obtidos. A avaliação permite verificar o grau de consecução dos objectivos,
através da comparação das metas com os resultados, ajuda a detectar as falhas e
incorrecções no processo de ensino e aprendizagem e facilita a distribuição dos
resultados escolares dos alunos de acordo com uma escala previamente definida.
Há várias modalidades de avaliação: diagnóstica, formativa e sumativa. A
primeira permite conhecer o domínio dos pré-requisitos necessários para a
compreensão da nova unidade de ensino. A segunda permite detectar as dificuldades
de aprendizagem e as deficiências
12
no
processo de ensino. Com a terceira, é possível verificar o grau de consecução
dos objectivos.
Avaliação
aferida -
Também chamada de avaliação de monitorização, a avaliação aferida é uma
avaliação externa que surge associada à promoção da qualidade do sistema
educativo, porquanto pressupõe a elaboração de indicadores das aprendizagens
dos alunos que permitam comparar resultados e verificar até que ponto é que o
sistema está a dar reposta aos objectivos. A avaliação aferida não afecta a
progressão dos alunos e não se destina a recolher dados para atribuir uma
classificação aos alunos.
Avaliação
autêntica -
Expressão que designa os procedimentos destinados a avaliar as competências dos
alunos para a realização de tarefas em contextos de vida real.
Avaliação
criterial -
É uma avaliação aferida a critério, vulgarmente chamada de sumativa, tendo em
conta determinar a capacidade do aluno para atingir o padrão de desempenho, tal
como foi estabelecido previamente pelo professor.
Avaliação de
desempenho -
Expressão que designa os procedimentos destinados a avaliar as capacidades dos
alunos para desempenharem determinadas tarefas de aprendizagem.
Avaliação de
desempenho profissional - A avaliação do desempenho profissional enquanto
processo sistemático de apreciação do trabalho desenvolvido pelos elementos de
uma organização emergiu como uma importante componente da gestão dos recursos
humanos no final do século XIX. Nos últimos 20 anos, assistimos a uma evolução
considerável de estudos sobre a avaliação do desempenho dos professores. Antes
da década de 80, a avaliação do desempenho dos professores centrava-se na sala
de aula e recorria sobretudo às técnicas de observação das aulas a cargo de
inspectores mandatados para o efeito. Com a expansão do sistema público e a
diversificação dos públicos escolares, os professores viram-se acometidos de
novas tarefas, muitas delas tendo como palco não a sala de aula, mas os
gabinetes onde se realizam as reuniões de trabalho e os espaços escolares não
directamente relacionados com a dimensão lectiva. A participação nos órgãos de
gestão pedagógica intermédia (conselhos de turma, conselhos de grupo e
conselhos de directores de turma) e nos órgãos de gestão de topo (conselhos directivos
e conselhos pedagógicos) vieram sobrecarregar os professores com funções de
administração e de gestão, tornando obsoletos os métodos tradicionais de
avaliação do desempenho centrados na sala de aula e na dimensão lectiva. O
processo de avaliação do desempenho passa a ser encarado como um complexo
processo de desenvolvimento profissional, controlo burocrático, autonomia
profissional e participação na consecução dos objectivos organizacionais. Em
vez da observação das aulas, a avaliação passa a centrar-se na análise dos
relatórios críticos e “dossiers” que reúnem as planificações, as actas, os
testes e a panóplia de acções de formação, cursos pós-laborais, colóquios,
seminários e projectos de investigação-acção. As três finalidades da avaliação
dos professores são a prestação de contas, com vista à progressão na carreira,
o desenvolvimento profissional e o desenvolvimento da organização. Contudo, em
Portugal, a avaliação dos professores tem-se centrado apenas na primeira
finalidade, ou seja, na prestação de contas para a progressão na carreira,
através da apresentação de um relatório crítico que inclua a descrição e
análise do trabalho desenvolvido durante um certo período de tempo, bem como as
acções de formação assistidas e os projectos desenvolvidos. A prática de
avaliação dos
13
professores,
desenvolvida em Portugal, na última década, tem sobrevalorizado a dimensão
administrativo-burocrática da função docente, nomeadamente a participação nos
órgãos de gestão pedagógica e administrativa e o envolvimento em projectos
educativos e tem desvalorizado a dimensão lectiva da função docente.
Ver Funções
do Professor e Novas Funções do Professor
Avaliação
diagnóstica -
Realiza-se no início da nova sequência de ensino e visa verificar se os alunos
estão na posse das aptidões e conhecimentos necessários à unidade que se vai
iniciar, ou seja, se dominam os pré-requisitos necessários. A avaliação
diagnóstica pode fazer-se através de um teste escrito diagnóstico ou através de
um simples conversa com os alunos.
Avaliação
formativa -
Realiza-se ao longo da realização da unidade de ensino e visa verificar se a
aprendizagem está a decorrer como previsto, nomeadamente no que respeita aos
objectivos e conteúdos essenciais. Com esta avaliação procura-se identificar as
dificuldades de aprendizagem dos alunos, de forma a readaptar o ensino com a
finalidade de ajudar os alunos a superarem as dificuldades. É uma avaliação que
incide sobre sequências curtas de ensino, mas que avalia em profundidade e em
pormenor.
Avaliação
sumativa -
Ocorre após a realização de uma unidade de ensino, de forma a conseguir fazer
um balanço final daquilo que os alunos aprenderam. Incide sobre segmentos
vastos de matéria, selecciona conteúdos relevantes e fornece uma visão de
conjunto sobre aquilo que os alunos aprenderam. A avaliação sumativa
destina-se, também, a obter dados para classificar os alunos.
Axiologia - Teoria dos
valores e um dos ramos da filosofia que procede ao estudo dos valores. Quando
aplicada à educação, toma o nome de axiologia educacional, a qual constitui uma
disciplina dos planos de estudos de muitos cursos de formação de professores.
Ver Modelo
Comunidade Justa, Modelo da Educação de Carácter e Modelo da
Clarificação de Valores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário