PEDAGOGIA

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Geane Morais.

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quinta-feira, 12 de julho de 2012

DICONÁRIO BREVE DE PEDAGOGIA LETRA R


Raciocínio moral - Conceito que designa as justificações e considerações de carácter ético, produzidas por uma pessoa, quando tem necessidade de optar face a um dilema moral.
Ver Kohlberg e Princípios Éticos.

Razão - É o órgão do conhecimento profundo, capaz de fazer um uso reflectido, deliberativo, prospectivo e ordenador da inteligência.

Recompensa - Termo que designa o prémio que se dá a um sujeito após a ocorrência do comportamento desejado ou da realização de uma tarefa bem conseguida. A recompensa é utilizada na educação com o objectivo de reforçar positivamente as aprendizagens bem sucedidas.
Ver Modelo Directivo, Teoria Comportamentalista e Skinner.

Reflexo condicionado - Designa um reflexo adquirido por um processo de condicionamento, que consiste numa resposta automática em função de um determinado estímulo.
Ver Pavlov.

Reforço - Designa as consequências administradas pelo professor, após uma resposta do aluno, com o objectivo de encorajar comportamentos desejáveis. O reforço é considerado extrínseco quando se refere a uma recompensa externa à actividade do
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aluno propriamente dita. O reforço também pode ser considerado uma operação correctiva pela qual se intensifica um determinado comportamento e se fortifica o interesse do aluno. O reforço é um conceito fundamental na teoria comportamentalista. Ao contrário de Pavlov que encarava o reforço como um estímulo, a teoria do condicionamento operante de Skinner faz o reforço actuar sobre a resposta do aluno. O reforço está na base do método de auto-instrução e do ensino programado.
Ver Skinner e Modelo Directivo.

Reich (Wilhelm) - Médico e psicanalista austríaco, viveu a maior parte da sua vida adulta nos EUA, para onde fugiu com a subida ao poder dos nazis. Nasceu em 1897 e morreu em 1957. Foi aluno de Freud, com quem rompeu cedo, devido à influência do marxismo. Procurou conciliar a psicanálise com o marxismo e desenvolveu uma teoria sobre as virtudes terapêuticas do orgasmo, afirmando ter descoberto a “energia orgónica”, com virtudes terapêuticas e biológicas que ficaram por provar. As suas ideias sobre a revolução sexual e o amor livre, tornaram Wilhelm Reich imensamente popular nos anos 60. Principais obras: La Function de l`Orgasme (Paris, Làrch, 1952) e L`Irruption de la Morale Sexuelle (Paris, Payot, 1974).
Relativismo cultural - Expressão que designa o reconhecimento da igual dignidade de todas as culturas, no respeito por todas as práticas culturais autênticas e na recusa do etnocentrismo cultural e de quaisquer hierarquias de carácter civilizacional ou cultural.
Ver Etnocentrismo, Kant, Padrões Culturais e Relativismo Ético.

Relativismo ético - Conceito que designa a posição que recusa o estabelecimento de hierarquias morais e a existência de princípios éticos universais. Os valores morais variam de pessoa para pessoa, em função dos contextos, das histórias de vida e dos condicionalismos económicos e culturais.
Na década de 90, têm ganho terreno, no campo da educação moral, os modelos que acentuam a neutralidade moral da escola e a equidistância desta face a todas as perspectivas morais. Os defensores do relativismo ético consideram que os juízos morais devem ser considerados, acima de tudo, como produto das histórias de vida de cada um e compreensíveis apenas no contexto em que foram gerados. Nessa medida, todos os juízos morais têm igual valor, desde que correspondam a necessidades autênticas condicionadas pelo contexto de vida. A autenticidade, o contexto cultural e a congruência passariam a ser os únicos critérios para avaliar a moralidade e os juízos morais, em prejuízo dos princípios éticos de tendência universalizante. Alguns autores associam a defesa do relativismo ético ao respeito pelo relativismo cultural, confundido duas coisas que são, em si mesmas, diferentes.
Na perspectiva Kohlbergiana, o relativismo ético é uma coisa e o relativismo cultural outra. Podemos ser relativistas culturais sem sermos relativistas éticos. O respeito e a defesa do pluralismo cultural é, em si mesmo, um valor a estimar numa sociedade democrática. Contudo, há limites morais para o pluralismo cultural. Por exemplo: quando o pluralismo cultural nos leva a aceitar situações de crueldade, de violência gratuita e de superioridade racial. A defesa do pluralismo cultural não significa equidistância da escola face a todas as práticas culturais. Quando estas colidem com os princípios éticos, não têm defesa moral possível. Algumas correntes pós-modernistas recusam a utilização de critérios morais para ordenar e hierarquizar as nossas escolhas morais e as nossas práticas culturais, legitimando todas as escolhas e práticas com o apelo ao contextual. Neste sentido, a procura da verdade seria uma
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missão impossível e inútil, dado que cada um terá a sua versão da verdade e cada versão terá igual valor e legitimidade.
Ver Padrões Culturais e Kohlberg.

Remediação - Termo que designa o processo de superação das dificuldades de aprendizagem, através de actividades individuais ou em pequeno grupo. Benjamin Bloom desenvolveu o modelo de ensino para a mestria, no qual as actividades de remediação têm um papel essencial no processo de aprendizagem. As actividades de remediação podem desenvolver-se através de fichas de trabalho individualizadas ou através de exercícios de treino.
Ver Avaliação Formativa e Apoios Educativos.

Rendimento escolar - Expressão que se refere ao conjunto dos resultados individuais do aluno ou dos resultados colectivos de um estabelecimento de ensino ou sistema de ensino. O rendimento escolar de um sistema de ensino pode medir-se através da avaliação aferida, pela administração de testes estandardizados a toda a população escolar ou a uma amostra significativa da população escolar. Ao nível individual, o rendimento escolar pode medir-se através de provas sumativas globais ou através de exames nacionais. Os autores que defendem o predomínio da avaliação contínua criticam o uso excessivo dos exames como instrumento de medida dos resultados escolares, uma vez que os exames tendem a avaliar apenas os conteúdos e não os processos de aprendizagem.
Ver Qualidade na Educação.

Repetição - Significa reiteração e recomeço das coisas a fim de as fixar no comportamento, na memória ou nos hábitos. A fim de ajudar a memorizar os assuntos, a repetição é um processo pedagógico indispensável. Revela-se também necessário quando se pretende o desenvolvimento de automatismos e de competências simples. A repetição pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento da riqueza mnemónica e na aquisição dos conceitos fundamentais. Há que evitar os excessos nesta matéria. A procura de um justo equilíbrio revela-se fundamental. Na aprendizagem da escrita, as actividades de repetição, seguidas de exercícios de correcção revelam-se necessárias para muitos alunos. Mas o excesso de actividades de repetição pode desmotivar o aluno.
Ver Avaliação.

Resolução de problemas - Expressão que designa o envolvimento dos alunos na criação de novas soluções para problemas, simples ou complexos, autonomamente ou com a ajuda do professor e de materiais auxiliares de ensino.
Ver Modelo Interactivo.

Respeito – Valor que designa o sentimento provocado pela excelência que percebemos existir em todas as pessoas, as quais têm sempre dignidade e, por isso, merecem ser respeitadas. Há várias formas de respeito: respeito pelos outros, respeito pela verdade e respeito pelos contratos. O respeito pelos outros supõe o reconhecimento do outro como “alter ego”, dotado de dignidade própria e merecedor de atenção. O respeito pela verdade exige a recusa da mentira. O respeito pelos contratos, ou fidelidade, exige o respeito pela verdade e a capacidade para não faltar aos compromissos, às promessas e à palavra dada. A educação moral não pode dispensar o desenvolvimento pelo apreço do respeito.
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Ver Autoridade.

Retenção - Termo que se usa para significar reprovação de ano. A retenção assume, no ensino básico, um carácter de excepção. Trata-se de um recurso que só pode ser utilizado após falharem os apoios educativos previstos na legislação.
Ver Avaliação

Reversibilidade - Conceito desenvolvido por Jean Piaget que significa a possibilidade de efectuar operações mentais em sentido inverso, ou seja, conceber as partes em função do todo e vice-versa. Segundo a teoria paigetiana do desenvolvimento cognitivo, a criança só é capaz de operações que exigem reversibilidade a partir dos seis anos, quando acede ao estádio das operações concretas.

Revisão da literatura - Expressão que se refere à análise exaustiva da bibliografia existente sobre um determinado tópico ou problema e que é objecto de revisão crítica nos trabalhos de investigação ou teses académicas. A revisão da bibliografia deve mostrar que o autor estudou com inteligência e espírito crítico os trabalhos existentes sobre o tópico de forma a dar a ideia ao leitor sobre o estado do conhecimento de determinado tema e das questões mais importantes que se colocam na área investigada.

Ribeiro Sanches (António Nunes) - Médico e pedagogo português nascido em 1699 e falecido em 1782. Considerado um dos maiores iluministas portugueses, deixou-nos uma obra muito importante: Cartas sobre a Educação da Mocidade.

Ricoeur (Paul) - Nasceu em 1913, fez estudos de Filosofia na Universidade de Rennes e desenvolveu uma brilhante carreira de professor de Filosofia, ao mesmo tempo que procedia à elaboração de uma numerosa e significativa obra sobre Filosofia, Ética e Educação. Foi professor nas Universidades de Estrasburgo, Sorbonne, Nanterre e Chicago. Podemos considerar Ricoeur um dos principais representantes da escola francesa de fenomenologia, na esteira de Marleau-Ponty e Emanuel Levinas. Inspirado na filosofia de Levinas e Mounier, desenvolveu uma teoria sobre a educação ética profundamente personalista e humanista. Principais obras: Karl Jaspers et la Philosophie de l`Éxistence (Seuil, 1947); La Poétique (PUF, 1963); Esthétique et Filosophie (Klincksieck, 1981).

Rocha (Filipe) - Foi Professor-Catedrático da Universidade de Aveiro onde foi responsável
pela disciplina de Teoria e História da Educação. Faleceu em 1995. É autor de uma numerosa obra dispersa em artigos e revistas. As áreas científicas a que dedicou o seu labor investigativo foram a História da Pedagogia e as Teorias da Educação. Das suas numerosas obras, destaque para: Correntes Pedagógicas Contemporâneas (Estante).

Rogers (Carl) - Psicólogo e psicoterapeuta norte-americano, nascido em 1902, que exerceu uma enorme influência na Pedagogia, graças à sua teoria da terapia centrada no cliente, a qual reforçou as concepções humanistas e personalistas da educação e esteve na base da formulação dos modelos de ensino não-directivos. Escreveu uma numerosa obra, de que se destacam os livros Client-Centered Therapy e On Becoming a Person. Desenvolveu uma psicologia humanista, preconizando o recurso a uma técnica
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terapêutica, a que chamou de psicoterapia centrada no cliente. Criticou quer o behaviorismo quer a psicanálise devido à sua rigidez.
Ver Modelo Não Directivo.

Rotina escolar - Expressão que designa o conjunto dos rituais que compõem o dia-a-dia da escola. É através da rotina escolar que as crianças sabem o que podem fazer nos vários momentos e prever a sua sucessão. A rotina escolar é intencionalmente preparada pelo professor e tem uma intencionalidade educativa.

Rousseau (Jean-Jacques) - Jean Jacques Rousseau, por um lado, e Alexander Neill, por outro, foram dois autores cujos escritos muito influenciaram as pedagogias libertárias. Embora o pensamento de Rousseau, tal como nos é apresentado na obre Émile, seja mais uma reacção à escola tradicional repressiva anterior ao iluminismo, do que uma autêntica proposta pedagógica de índole libertária, a verdade é que as críticas à autoridade do professor, ao dogmatismo livresco da escola tradicional e à repressão que a sociedade exerce sobre as crianças fizeram da obra do filósofo iluminista francês um marco essencial na construção das pedagogias libertárias.
O filósofo Jean Jacques Rousseau foi, na verdade, um precursor das pedagogias libertárias e não directivas, ao defender, na obra Émile, uma educação não repressiva, respeitadora da livre expressão emocional e artística dos alunos. A doutrina do bom selvagem e da bondade natural da criança constitui uma crítica radical à escola tradicional baseada na autoridade do mestre e centrada na transmissão da herança cultural. O carácter opressivo dessa herança cultural, em última instância responsável pela corrupção das mentes das crianças, pode ser contrariado por uma educação realmente livre e natural.
Rousseau nasceu em 1712, em Genève e morreu em 1778, em Ermenonville, na França. Foi filósofo, botânico e músico. A mãe morreu logo após o seu nascimento. Criado pelos tios, iniciou a actividade de aprendiz aos 13 anos de idade. Aos 16 anos, torna-se amigo e secretário pessoal de uma senhora rica, de nome Madame Louise de Warens, que o protegeu e lhe proporcionou uma boa condição de vida. Em 1742, muda-se para Paris. Na capital de França, ganha a vida como professor de música e secretário pessoal. Torna-se amigo de Diderot e escreve vários artigos para a Enciclopédia Francesa. Em 1750, ganha o prémio da Academia de Dijon pela sua obra Discours sur les Sciences et les Arts. Em 1752, a sua ópera Le Devin du Village é levada à cena. Em 1755, publica o livro Discurso sobre a Desigualdade, no qual defende a bondade do estado natural do indivíduo e a corrupção da mente ocorrida pelo avanço da ciência, das artes e da educação. Devido às suas posições políticas radicais, vê-se rodeado de inimigos. Voltaire critica as ideias de Rousseau sobre os malefícios da ciência e das artes. Rousseau deixa Paris em 1756 e parte para a Grã-Bretanha. Em 1761, publica o romance Júlia ou a Nova Eloísa. Em 1762, publica o Contrato Social, no qual defende a legitimidade do poder do povo. Nesse mesmo ano, surge a público o seu romance pedagógico, Émile. Na Escócia, torna-se amigo do filósofo David Hume. A amizade com Hume não resiste ao mau feitio de Rousseau. Em 1768, volta a França. Em 1782, publica a obra autobiográfica Confessions, dando início ao romance de análise psicológica. Morre em 1778, deixando uma obra filosófica notável, que iria inspirar os ideais da Revolução Francesa. O romance pedagógico Émile deixou grandes influências na pedagogia iluminista. A recusa da autoridade do mestre, a crítica à escola repressiva
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e a defesa da livre expressão são, ainda hoje marcas importantes das pedagogias não-directivas e libertárias.
Ver Modelo Libertário.

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