Raciocínio moral
-
Conceito que designa as justificações e considerações de carácter ético,
produzidas por uma pessoa, quando tem necessidade de optar face a um dilema
moral.
Ver Kohlberg e
Princípios Éticos.
Razão - É o órgão do
conhecimento profundo, capaz de fazer um uso reflectido, deliberativo,
prospectivo e ordenador da inteligência.
Recompensa - Termo que
designa o prémio que se dá a um sujeito após a ocorrência do comportamento
desejado ou da realização de uma tarefa bem conseguida. A recompensa é
utilizada na educação com o objectivo de reforçar positivamente as
aprendizagens bem sucedidas.
Ver Modelo
Directivo, Teoria Comportamentalista e Skinner.
Reflexo
condicionado -
Designa um reflexo adquirido por um processo de condicionamento, que consiste
numa resposta automática em função de um determinado estímulo.
Ver Pavlov.
Reforço - Designa as
consequências administradas pelo professor, após uma resposta do aluno, com o
objectivo de encorajar comportamentos desejáveis. O reforço é considerado
extrínseco quando se refere a uma recompensa externa à actividade do
117
aluno
propriamente dita. O reforço também pode ser considerado uma operação
correctiva pela qual se intensifica um determinado comportamento e se fortifica
o interesse do aluno. O reforço é um conceito fundamental na teoria
comportamentalista. Ao contrário de Pavlov que encarava o reforço como um
estímulo, a teoria do condicionamento operante de Skinner faz o reforço actuar
sobre a resposta do aluno. O reforço está na base do método de auto-instrução e
do ensino programado.
Ver Skinner e
Modelo Directivo.
Reich (Wilhelm) - Médico e
psicanalista austríaco, viveu a maior parte da sua vida adulta nos EUA, para
onde fugiu com a subida ao poder dos nazis. Nasceu em 1897 e morreu em 1957.
Foi aluno de Freud, com quem rompeu cedo, devido à influência do marxismo.
Procurou conciliar a psicanálise com o marxismo e desenvolveu uma teoria sobre
as virtudes terapêuticas do orgasmo, afirmando ter descoberto a “energia
orgónica”, com virtudes terapêuticas e biológicas que ficaram por provar. As
suas ideias sobre a revolução sexual e o amor livre, tornaram Wilhelm Reich
imensamente popular nos anos 60. Principais obras: La Function de l`Orgasme (Paris,
Làrch, 1952) e L`Irruption de la Morale Sexuelle (Paris, Payot, 1974).
Relativismo cultural
-
Expressão que designa o reconhecimento da igual dignidade de todas as culturas,
no respeito por todas as práticas culturais autênticas e na recusa do
etnocentrismo cultural e de quaisquer hierarquias de carácter civilizacional ou
cultural.
Ver Etnocentrismo,
Kant, Padrões Culturais e Relativismo Ético.
Relativismo
ético -
Conceito que designa a posição que recusa o estabelecimento de hierarquias
morais e a existência de princípios éticos universais. Os valores morais variam
de pessoa para pessoa, em função dos contextos, das histórias de vida e dos
condicionalismos económicos e culturais.
Na década de 90,
têm ganho terreno, no campo da educação moral, os modelos que acentuam a
neutralidade moral da escola e a equidistância desta face a todas as perspectivas
morais. Os defensores do relativismo ético consideram que os juízos morais
devem ser considerados, acima de tudo, como produto das histórias de vida de
cada um e compreensíveis apenas no contexto em que foram gerados. Nessa medida,
todos os juízos morais têm igual valor, desde que correspondam a necessidades
autênticas condicionadas pelo contexto de vida. A autenticidade, o contexto
cultural e a congruência passariam a ser os únicos critérios para avaliar a
moralidade e os juízos morais, em prejuízo dos princípios éticos de tendência
universalizante. Alguns autores associam a defesa do relativismo ético ao
respeito pelo relativismo cultural, confundido duas coisas que são, em si
mesmas, diferentes.
Na perspectiva
Kohlbergiana, o relativismo ético é uma coisa e o relativismo cultural outra.
Podemos ser relativistas culturais sem sermos relativistas éticos. O respeito e
a defesa do pluralismo cultural é, em si mesmo, um valor a estimar numa
sociedade democrática. Contudo, há limites morais para o pluralismo cultural.
Por exemplo: quando o pluralismo cultural nos leva a aceitar situações de
crueldade, de violência gratuita e de superioridade racial. A defesa do
pluralismo cultural não significa equidistância da escola face a todas as
práticas culturais. Quando estas colidem com os princípios éticos, não têm
defesa moral possível. Algumas correntes pós-modernistas recusam a utilização
de critérios morais para ordenar e hierarquizar as nossas escolhas morais e as
nossas práticas culturais, legitimando todas as escolhas e práticas com o apelo
ao contextual. Neste sentido, a procura da verdade seria uma
118
missão
impossível e inútil, dado que cada um terá a sua versão da verdade e cada
versão terá igual valor e legitimidade.
Ver Padrões
Culturais e Kohlberg.
Remediação - Termo que
designa o processo de superação das dificuldades de aprendizagem, através de
actividades individuais ou em pequeno grupo. Benjamin Bloom desenvolveu o
modelo de ensino para a mestria, no qual as actividades de remediação têm um
papel essencial no processo de aprendizagem. As actividades de remediação podem
desenvolver-se através de fichas de trabalho individualizadas ou através de
exercícios de treino.
Ver Avaliação
Formativa e Apoios Educativos.
Rendimento
escolar -
Expressão que se refere ao conjunto dos resultados individuais do aluno ou dos
resultados colectivos de um estabelecimento de ensino ou sistema de ensino. O
rendimento escolar de um sistema de ensino pode medir-se através da avaliação
aferida, pela administração de testes estandardizados a toda a população
escolar ou a uma amostra significativa da população escolar. Ao nível
individual, o rendimento escolar pode medir-se através de provas sumativas
globais ou através de exames nacionais. Os autores que defendem o predomínio da
avaliação contínua criticam o uso excessivo dos exames como instrumento de
medida dos resultados escolares, uma vez que os exames tendem a avaliar apenas
os conteúdos e não os processos de aprendizagem.
Ver Qualidade
na Educação.
Repetição - Significa
reiteração e recomeço das coisas a fim de as fixar no comportamento, na memória
ou nos hábitos. A fim de ajudar a memorizar os assuntos, a repetição é um
processo pedagógico indispensável. Revela-se também necessário quando se
pretende o desenvolvimento de automatismos e de competências simples. A
repetição pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento da riqueza
mnemónica e na aquisição dos conceitos fundamentais. Há que evitar os excessos
nesta matéria. A procura de um justo equilíbrio revela-se fundamental. Na
aprendizagem da escrita, as actividades de repetição, seguidas de exercícios de
correcção revelam-se necessárias para muitos alunos. Mas o excesso de
actividades de repetição pode desmotivar o aluno.
Ver Avaliação.
Resolução de
problemas -
Expressão que designa o envolvimento dos alunos na criação de novas soluções
para problemas, simples ou complexos, autonomamente ou com a ajuda do professor
e de materiais auxiliares de ensino.
Ver Modelo
Interactivo.
Respeito – Valor que designa
o sentimento provocado pela excelência que percebemos existir em todas as
pessoas, as quais têm sempre dignidade e, por isso, merecem ser respeitadas. Há
várias formas de respeito: respeito pelos outros, respeito pela verdade e
respeito pelos contratos. O respeito pelos outros supõe o reconhecimento do
outro como “alter ego”, dotado de dignidade própria e merecedor de atenção. O
respeito pela verdade exige a recusa da mentira. O respeito pelos contratos, ou
fidelidade, exige o respeito pela verdade e a capacidade para não faltar aos
compromissos, às promessas e à palavra dada. A educação moral não pode
dispensar o desenvolvimento pelo apreço do respeito.
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Ver
Autoridade.
Retenção - Termo que se
usa para significar reprovação de ano. A retenção assume, no ensino básico, um
carácter de excepção. Trata-se de um recurso que só pode ser utilizado após
falharem os apoios educativos previstos na legislação.
Ver Avaliação
Reversibilidade - Conceito
desenvolvido por Jean Piaget que significa a possibilidade de efectuar
operações mentais em sentido inverso, ou seja, conceber as partes em função do
todo e vice-versa. Segundo a teoria paigetiana do desenvolvimento cognitivo, a
criança só é capaz de operações que exigem reversibilidade a partir dos seis
anos, quando acede ao estádio das operações concretas.
Revisão da
literatura -
Expressão que se refere à análise exaustiva da bibliografia existente sobre um
determinado tópico ou problema e que é objecto de revisão crítica nos trabalhos
de investigação ou teses académicas. A revisão da bibliografia deve mostrar que
o autor estudou com inteligência e espírito crítico os trabalhos existentes
sobre o tópico de forma a dar a ideia ao leitor sobre o estado do conhecimento
de determinado tema e das questões mais importantes que se colocam na área
investigada.
Ribeiro Sanches
(António Nunes) -
Médico e pedagogo português nascido em 1699 e falecido em 1782. Considerado um
dos maiores iluministas portugueses, deixou-nos uma obra muito importante: Cartas
sobre a Educação da Mocidade.
Ricoeur (Paul) - Nasceu em
1913, fez estudos de Filosofia na Universidade de Rennes e desenvolveu uma
brilhante carreira de professor de Filosofia, ao mesmo tempo que procedia à
elaboração de uma numerosa e significativa obra sobre Filosofia, Ética e
Educação. Foi professor nas Universidades de Estrasburgo, Sorbonne, Nanterre e
Chicago. Podemos considerar Ricoeur um dos principais representantes da escola
francesa de fenomenologia, na esteira de Marleau-Ponty e Emanuel Levinas.
Inspirado na filosofia de Levinas e Mounier, desenvolveu uma teoria sobre a
educação ética profundamente personalista e humanista. Principais obras: Karl
Jaspers et la Philosophie de l`Éxistence (Seuil, 1947); La Poétique (PUF,
1963); Esthétique et Filosophie (Klincksieck, 1981).
Rocha (Filipe) - Foi
Professor-Catedrático da Universidade de Aveiro onde foi responsável
pela disciplina
de Teoria e História da Educação. Faleceu em 1995. É autor de uma numerosa obra
dispersa em artigos e revistas. As áreas científicas a que dedicou o seu labor
investigativo foram a História da Pedagogia e as Teorias da Educação. Das suas
numerosas obras, destaque para: Correntes Pedagógicas Contemporâneas (Estante).
Rogers (Carl) - Psicólogo e
psicoterapeuta norte-americano, nascido em 1902, que exerceu uma enorme
influência na Pedagogia, graças à sua teoria da terapia centrada no cliente, a
qual reforçou as concepções humanistas e personalistas da educação e esteve na
base da formulação dos modelos de ensino não-directivos. Escreveu uma numerosa
obra, de que se destacam os livros Client-Centered Therapy e On
Becoming a Person. Desenvolveu uma psicologia humanista, preconizando o
recurso a uma técnica
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terapêutica,
a que chamou de psicoterapia centrada no cliente. Criticou quer o behaviorismo
quer a psicanálise devido à sua rigidez.
Ver Modelo
Não Directivo.
Rotina escolar - Expressão que
designa o conjunto dos rituais que compõem o dia-a-dia da escola. É através da
rotina escolar que as crianças sabem o que podem fazer nos vários momentos e
prever a sua sucessão. A rotina escolar é intencionalmente preparada pelo
professor e tem uma intencionalidade educativa.
Rousseau
(Jean-Jacques) -
Jean Jacques Rousseau, por um lado, e Alexander Neill, por outro, foram dois
autores cujos escritos muito influenciaram as pedagogias libertárias. Embora o
pensamento de Rousseau, tal como nos é apresentado na obre Émile, seja
mais uma reacção à escola tradicional repressiva anterior ao iluminismo, do que
uma autêntica proposta pedagógica de índole libertária, a verdade é que as
críticas à autoridade do professor, ao dogmatismo livresco da escola
tradicional e à repressão que a sociedade exerce sobre as crianças fizeram da
obra do filósofo iluminista francês um marco essencial na construção das
pedagogias libertárias.
O filósofo Jean
Jacques Rousseau foi, na verdade, um precursor das pedagogias libertárias e não
directivas, ao defender, na obra Émile, uma educação não repressiva,
respeitadora da livre expressão emocional e artística dos alunos. A doutrina do
bom selvagem e da bondade natural da criança constitui uma crítica radical à
escola tradicional baseada na autoridade do mestre e centrada na transmissão da
herança cultural. O carácter opressivo dessa herança cultural, em última
instância responsável pela corrupção das mentes das crianças, pode ser
contrariado por uma educação realmente livre e natural.
Rousseau nasceu
em 1712, em Genève e morreu em 1778, em Ermenonville, na França. Foi filósofo,
botânico e músico. A mãe morreu logo após o seu nascimento. Criado pelos tios,
iniciou a actividade de aprendiz aos 13 anos de idade. Aos 16 anos, torna-se
amigo e secretário pessoal de uma senhora rica, de nome Madame Louise de
Warens, que o protegeu e lhe proporcionou uma boa condição de vida. Em 1742,
muda-se para Paris. Na capital de França, ganha a vida como professor de música
e secretário pessoal. Torna-se amigo de Diderot e escreve vários artigos para a
Enciclopédia Francesa. Em 1750, ganha o prémio da Academia de Dijon pela sua
obra Discours sur les Sciences et les Arts. Em 1752, a sua ópera Le
Devin du Village é levada à cena. Em 1755, publica o livro Discurso sobre a
Desigualdade, no qual defende a bondade do estado natural do indivíduo e a
corrupção da mente ocorrida pelo avanço da ciência, das artes e da educação.
Devido às suas posições políticas radicais, vê-se rodeado de inimigos. Voltaire
critica as ideias de Rousseau sobre os malefícios da ciência e das artes.
Rousseau deixa Paris em 1756 e parte para a Grã-Bretanha. Em 1761, publica o
romance Júlia ou a Nova Eloísa. Em 1762, publica o Contrato Social,
no qual defende a legitimidade do poder do povo. Nesse mesmo ano, surge a
público o seu romance pedagógico, Émile. Na Escócia, torna-se amigo do
filósofo David Hume. A amizade com Hume não resiste ao mau feitio de Rousseau.
Em 1768, volta a França. Em 1782, publica a obra autobiográfica Confessions,
dando início ao romance de análise psicológica. Morre em 1778, deixando uma
obra filosófica notável, que iria inspirar os ideais da Revolução Francesa. O
romance pedagógico Émile deixou grandes influências na pedagogia
iluminista. A recusa da autoridade do mestre, a crítica à escola repressiva
121
e
a defesa da livre expressão são, ainda hoje marcas importantes das pedagogias
não-directivas e libertárias.
Ver Modelo
Libertário.
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